São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 1996
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Itamarati deve pagar dívidas em um ano

DA SUCURSAL DO RIO; DA REDAÇÃO

O presidente do Banco Bozano, Simonsen, Paulo Ferraz, disse à Folha que calcula ser necessário um prazo "entre nove meses e um ano" para que o banco consiga vender "a maior parte" dos bens do grupo Itamarati, do empresário Olacyr de Moraes, e com o dinheiro pagar os débitos do grupo, avaliados em R$ 1 bilhão.
O Bozano foi contratado pelo grupo de Olacyr de Moraes para vender os seus bens e pagar aos seus credores.
A proposta do banco carioca, considerado especialista nesse tipo de trabalho, é de que, a cada empresa ou ativo que for vendido, cada credor receba uma quantia em dinheiro proporcional ao valor do seu crédito total.
Essa proposta, segundo Paulo Ferraz, é válida para todos os credores, inclusive os externos.
Atualmente, o Bozano, Simonsen está costurando com os credores do grupo do antigo "rei da soja" (alusão ao fato de Moraes ter sido o maior plantador de soja do mundo em um determinado momento) a assinatura de um contrato no qual todos concordem em receber da forma que está sendo proposta.
Patrimônio
Paulo Ferraz disse que o patrimônio do grupo Olacyr de Moraes é suficiente para o pagamento de todos os débitos, incluindo os custos financeiros da espera pela venda desses bens.
Os bens incluem usinas hidrelétricas, que somariam investimentos de quase R$ 200 milhões, uma usina de açúcar, a construtora Constran, fazendas, a ferrovia Ferronorte e outros.
Ferraz disse que não há, por parte do grupo empresarial de Olacyr de Moraes, nenhuma restrição à venda de qualquer uma das partes do seu patrimônio.
A única restrição, segundo ele, é tempo. "Não se vende uma empresa da noite para o dia", considera Ferraz.
Banco
A primeira parte do patrimônio do grupo a ser vendida, ainda fora do trabalho que está sendo feito pelo Bozano, foi o Banco Itamarati, cujo controle foi assumido pelo BCN (Banco de Crédito Nacional) em julho último.
No mês passado, a Constran deixou de pagar US$ 13 milhões em "commercial papers", lançados no exterior há um ano.
O "default" (não-pagamento) foi o primeiro dado pelo Brasil desde a crise da dívida externa, no início da década de 80.
O Itamarati foi no ano passado o 38º maior grupo do país, com faturamento de R$ 1 bilhão, segundo dados da revista "Exame".
Olacyr de Moraes atribui a falta de liquidez do seu grupo às altas verificadas nas taxas de juros nos últimos dois anos.

Colaborou a Redação

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