São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Menino que vivia na mata é encontrado

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Lavradores encontraram um menino que estava vivendo no meio da mata fechada no município de Adrianópolis, a cerca de 100 km ao norte de Curitiba, capital do Paraná.
O delegado da cidade, Elíbio Menezes, disse ontem à Agência Folha, por telefone, que o menino foi visto por caçadores na manhã de quinta-feira e, à noite, chegou à casa de um lavrador.
"Ele pediu comida, e o lavrador nos avisou, porque viu que o menino estava completamente desnorteado", disse o delegado.
Segundo ele, o menino disse se chamar Milton Santos e aparenta ter entre 12 e 14 anos.
O garoto afirmou também que estava perdido na mata há dois meses.
Ele estava vivendo numa região chamada parque das Lauráceas, segundo Menezes, uma larga zona de mata cerrada na serra do Paranapiacaba, próximo à divisa com o Estado de São Paulo, a 45 km do centro de Adrianópolis.
Animais selvagens
Menezes disse que o parque é uma reserva florestal no vale do Ribeira e é habitada por animais selvagens.
Segundo o delegado, o menino tem aproximadamente 1,50 m, cabelos castanhos e pele clara. "Ele não disse coisa com coisa. Repetiu o tempo todo o nome Pedras, dizendo morar lá, e fez um desenho representando a mata e o sol", afirmou Menezes, que encaminhou o menino ao Sicride (Serviço de Investigação da Criança Desaparecida), em Curitiba.
Feridas
O delegado do Sicride, Carlos Roberto Bacila, disse que Milton apresentava feridas em várias partes do corpo e estava com as roupas rasgadas.
Ele encaminhou o menino para avaliação no SOS Criança, entidade que presta ajuda às crianças maltratadas e abandonadas.
Bacila afirmou que o menino contou à equipe de assistentes sociais da entidade que trabalhava na lavoura, num lugar sem eletricidade e telefone, e que tem dois irmãos. O menino disse também que durante o período que esteve na mata conseguiu sobreviver comendo folhas e frutas.
No relatório do SOS Criança, segundo o delegado, o menino afirmou que não conhecia Curitiba e que sentia falta de seus pais.
"Tudo leva a crer que o tempo em que ele ficou na mata provocou uma debilidade mental", disse o delegado.
Depois que o menino voltou do SOS Criança, foi enviado pelo delegado ao Manicômio Judiciário para uma avaliação psiquiátrica. Bacila afirmou que ainda não tem pistas da origem do menino nem do que ocorreu com ele.

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