São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Rede desvia 30 mil carros para 'boqueiro'

Estoque causa 'invasão' de território

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 30 mil carros novos estão sendo desviados mensalmente pelas concessionárias e vendidos em lojas sem vínculo com as fábricas, os chamados "boqueiros".
A estimativa é de Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, associação que reúne revendedores autorizados de veículos.
As concessionárias utilizam as lojas independentes para queimar estoques que não conseguem vender na sua área de atuação. Os revendedores encerraram outubro com 96 mil unidades nos pátios.
Essa é uma forma de "invadir" território reservado a outra revenda da mesma marca e driblar o contrato de concessão assinado com o fabricante, que proíbe essa concorrência.
A prática envolve todas as marcas. Segundo Reze, é usada principalmente por "megadealers" da cidade de São Paulo, concessionárias que chegam a receber mil carros por mês do fabricante. Reze não cita nomes. "São os mesmos que vendiam carro com ágio", diz.
O presidente da Fenabrave define esses revendedores como "maus colegas". "É um suicídio coletivo", afirma.
Reze diz que as fábricas não fiscalizam as vendas. "As montadoras estão preocupadas apenas em escoar a produção", afirma. "Isso está desestruturando o sistema de distribuição."
Os mercados mais atingidos pelos "invasores", segundo Reze, são Rio e Rio Grande do Sul.
Frete menor
A compra de um carro novo no mercado paralelo pode ser um bom negócio. O preço é mais baixo, porque o frete é menor do que o cobrado pela fábrica.
Reze dá um exemplo: um carro levado de São Paulo para Fortaleza (CE) pela transportadora do fabricante paga frete equivalente a 7% do preço final. Uma transportadora independente cobra 1%.
O consumidor não perde a garantia. Oficialmente, o carro é vendido pela concessionária de onde saiu.

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