São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Choinire dança com imagens virtuais

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O 11º Videobrasil apresenta hoje, às 22 horas, no Centro de Convivência do Sesc Pompéia, zona oeste de São Paulo, o espetáculo "Le Partage des Peaux 2", da coreógrafa canadense Isabelle Choinire.
Associando tecnologia e dança, Choinire desenvolve um trabalho único, em que contracena com as imagens virtuais dela mesma.
"Na coreografia 'Le Partage des Peaux 2' eu danço com duas pessoas que não são reais. A Isabelle sintética é minha parceira em cena", diz Isabelle.
Dividido em três níveis, o espetáculo mostra Isabelle dançando ao vivo, no tempo presente. Numa segunda etapa, o vídeo remete ao passado, apresentando a dançarina em cenas gravadas anteriormente. Quando o computador entra em cena, com a tridimensionalidade, a imagem virtual de Isabelle lança uma perspectiva futura.
À medida em que movimenta o corpo, Isabelle controla efeitos sonoros e luminosos desenvolvidos por meio de tecnologia digital.
Segundo a coreógrafa, hoje a tecnologia pode assumir o papel que as drogas alucinógenas tiveram nos anos 60, no sentido de ampliar a percepção.
"A tecnologia também proporciona à dança um caráter ritual", ela acrescenta, referindo-se às relações que as imagens virtuais podem criar com os antigos espíritos xamânicos.
Embora "Le Partage des Peaux 2" seja fundamentalmente abstrata, Isabelle acredita que o espectador pode imaginar uma história, ao captar o encontro entre corpos reais e irreais.
Para Isabelle, a tecnologia traz novos desafios, por causa da mudança de percepção que provoca. "Como dançarina, tive que redefinir a linguagem coreográfica e descobrir uma nova maneira de colocar meu corpo em cena."
Isabelle salienta que a tecnologia não se sobrepõe à dança. "Uso recursos como vídeo e informática no sentido de ampliar o poder corporal e não anulá-lo. Procuro desenvolver uma escritura coreográfica composta, em que o corpo e a técnica se juntam em níveis formais, orgânicos e filosóficos."
Vivendo em Montreal, cidade do Canadá onde a dança moderna vem se manifestando mais intensamente, Isabelle formou-se em dança clássica.
Depois, graduou-se como coreógrafa na Universidade de Concordia, onde conheceu um grupo de artistas voltados para experiências eletrônicas.
"Nessa época, uma especialista em infografia (animação por computador), me convidou para trabalhar com ela, com o objetivo de melhor compreender os movimentos do corpo", lembra.
Hoje, para desenvolver seus espetáculos multimídia, Isabelle conta com a colaboração de Jimmy Lakatos, responsável pela cenografia dos vídeos, e o músico Michael David Smith, que pesquisa computação gráfica e meios interativos.
Workshop com Clyde Morgan
O bailarino norte-americano Clyde Morgan realiza um workshop sobre dança afro-brasileira de hoje até 19 de novembro, no Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245, zona central de São Paulo, tel. 256-2322, r. 223 e 233).
Antigo solista da companhia de José Limón, um dos mais importantes coreógrafos da dança moderna americana, Morgan viveu no Brasil durante dez anos. Nesse período, lecionou na Universidade da Bahia, onde introduziu elementos do candomblé.
Dia 20, às 20h, com entrada gratuita, ele realizará uma apresentação solo na Pinacoteca do Estado (av. Tiradentes, 141, zona central, tel. 011/227-6329).

Espetáculo: "Le Partage des Peaux 2"
Quando: hoje, às 22h
Onde: Centro de Convivência do Sesc Pompéia (rua Clélia, 93, Pompéia, zona oeste de São Paulo, tel. 011/871-7786)
Quanto: entrada franca

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