São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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DESAFIO LATINO-AMERICANO

A sexta edição da Cúpula Ibero-Americana, que reuniu governantes de 21 países em Santiago (Chile), entre eles o Brasil, voltou a colocar Cuba na berlinda. Nada mais compreensível, já que o país comandado por Fidel Castro ainda se mantém à parte da grande conquista da América Latina nos últimos anos: a democracia.
Não faz muito tempo, o continente era marcado por regimes ditatoriais, de direita (a maioria dos casos) ou de esquerda. Consequência direta da bipolarização do mundo em tempos de Guerra Fria, o quadro político latino-americano dos anos 70 era marcado pela radicalização. Para fugir de um tipo de autoritarismo, o caminho às vezes não era o da democracia, mas o da ditadura oposta -como na Nicarágua, que saiu da ditadura Somoza para cair na do sandinismo.
Hoje os países latino-americanos já vêem o regime democrático e o exercício do voto popular como valores em si. Seus governantes estão diretamente sujeitos à avaliação da população, que, em situações extremas, pode até obter, por meios legais, a deposição de um chefe de governo. Os golpes de Estado -apesar de ressalvas recentes, como no Peru de Fujimori- já não frequentam regularmente a paisagem do continente.
Mas, se forneceu à América Latina um aspecto de liberdade política, a democracia ainda não conseguiu transformar essa conquista em ganhos sociais significativos.
Encontros como o desta semana reforçam a idéia de que a América Latina vive um novo momento, com novas prioridades. A democracia já existe e deve ser fortalecida. Mas agora o desafio é outro e talvez mais ousado. Crescimento e justiça social devem pautar as agendas dos governos, para que se juntem à democracia como valores incontestáveis na nova imagem do continente.

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