São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Os mitos paulistanos

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Se der mesmo a lógica no segundo turno para a Prefeitura de São Paulo, o candidato malufista, Celso Pitta (PPB), deve aplicar uma sova de votos em Luiza Erundina (PT). A partir daí, conclusões podem ser tiradas para a política nacional:
1) o mito Erundina - ficará provado que Luiza Erundina surfou sobre uma onda artificial em 88.
Quando a candidata petista ganhou a eleição naquele ano, imaginava-se que o PT encontrara uma futura liderança nacional. Não encontrou. Na tarde de sexta-feira, Erundina já terá perdido duas eleições majoritárias -a outra foi para o Senado, em 94.
2) O mito do militante petista - esse não deu as caras na eleição em São Paulo. Não se sabe onde foi parar. Ficou claro em São Paulo que o PT não soube fazer oposição construtiva ("o PT que diz sim") nem conseguiu forjar alianças estratégicas.
E o militante, bem, o militante não quis nem saber e deixou a candidatura Erundina a ver navios.
3) O mito tucano - para resumir, digamos que o PSDB continua não existindo em São Paulo.
4) O mito Maluf - esse sai reforçado. Conseguiu empurrar um desconhecido para a prefeitura da maior cidade do país. O prefeito Paulo Maluf consolidou mais uma fase da sua reabilitação política. Só é difícil precisar, ainda, o poder de fato do malufismo. E se esse poder é fato ou só um mito.
5) O mito do PMDB - partido ainda gigantesco, com muitos diretórios, nunca conseguiu eleger um prefeito na capital paulista. Pelo número de disputas internas, a sigla continuará em baixa por muito mais tempo.
*
Depois de tantos mitos, uma realidade. Por mais circunscrita que seja a eleição da cidade de São Paulo, sua influência é grande sobre os humores nacionais.
Tanto é que Brasília praticamente parou para esperar pelos próximos passos de Paulo Maluf. Esse impasse vai ser quebrado em breve.

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