São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Para empresas, marca é patrimônio a ser preservado

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Brigas na Justiça, vigilância cerrada contra possíveis imitadores, processos para suspender campanhas publicitárias.
É cada vez maior o número de empresas que se dispõem a tomar decisões como essas -muitas vezes, com um custo bastante elevado- em nome de um patrimônio que não existe de forma concreta -suas marcas.
"A marca é o maior patrimônio da Lacta", confirma Gilberto Galan, diretor de assuntos corporativos do grupo Philip Morris, que recentemente comprou a Lacta, não porque estivesse especialmente interessado no seu maquinário ou na tecnologia de fabricar bombons.
O que realmente chamou a atenção da Philip Morris foram marcas como Sonho de Valsa ou Diamante Negro, campeãs de venda e imediatamente reconhecíveis como chocolates.
No Brasil, as duas marcas mais lembradas pelo público são Coca-Cola e Omo, segundo a pesquisa Datafolha para o "Top of Mind", realizada entre os dias 19 e 20 de setembro de 96, com 5.000 entrevistas.
Na pesquisa, 7% das pessoas citaram Omo e 6% disseram Coca-Cola, um empate técnico pelos critérios do Datafolha. Desde que foi iniciado o levantamento para ver qual era a marca mais conhecida no país, independentemente do setor, os dois produtos têm dividido a liderança.
São muitos os pontos de semelhança entre os dois produtos, a começar pelo fato de serem comercializados há mais de três décadas no país.
"Nós nos orgulhamos de dizer que entendemos nossas consumidoras. Nós interpretamos o que elas querem. Tanto assim, que estamos acelerando o ritmo de lançamentos de novas versões do Omo para atender o que querem", afirma Suzana Rozenberg, diretora da Gessy Lever, empresa fabricante do sabão em pó mais vendido no mercado brasileiro.
No caso da Coca-Cola, a preocupação com os desejos do consumidor se traduz, por exemplo, nas constantes mudanças de embalagens. "Os consumidores querem mais praticidade. A empresa investiu em embalagens mais leves, descartáveis", diz Luiz Lobão, seu presidente.
A preocupação das empresas em preservar o que consideram seu maior patrimônio pode ser constatada pelo grande número de processos abertos no Conar (Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária) contra anunciantes que estariam supostamente denegrindo uma marca.
Neste ano, alguns desses casos ganharam projeção, como a disputa entre os grandes fabricantes de refrigerantes, desencadeada por um comercial da Pepsi-Cola em que um chimpanzé aparecia experimentando Coca-Cola.
Nesse caso, em que a Pepsi-Cola ganhou o direito de exibir seu filme, aparecia claramente uma lata com a marca da Coca-Cola.
Em outro comercial, as referências a uma marca eram mais sutis, mas mesmo assim levaram o "dono" a querer embargar a campanha.
O filme das pastilhas Benalet, veiculado na televisão, mostrava um caubói, com tosse, num cenário que lembrava os anúncios do cigarro Marlboro. A marca não era mostrada.
A Philip Morris considerou que precisava sair em defesa dos cigarros mais vendidos no mundo e abriu um processo na Justiça contra as pastilhas Benalet.

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