São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Bamerindus pode se fundir a Banestado

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) ouviu ontem e aprovou uma possível saída para o Bamerindus: o seu banco seria incorporado pelo Banestado (Banco do Estado do Paraná).
Nessa fusão, o hoje estatal Banestado passaria a ser uma empresa de economia mista, com participação apenas minoritária do governo do Estado do Paraná.
Na prática, o Banestado seria privatizado. Andrade Vieira concordaria em deixar o controle do Bamerindus se essa saída fosse adotada, segundo informa o senador Roberto Requião (PMDB-PR).
"Ele sairia do controle e disse que ficaria satisfeito porque o Bamerindus continuaria sendo um banco paranaense", afirmou à Folha Roberto Requião.
Com a fusão, seria formado um novo banco, o Banestado-Bamerindus. A soma dos patrimônios colocaria a nova instituição entre os maiores bancos do país.
Para promover a fusão seria necessária a utilização do Proer (programa federal de ajuda a bancos). O valor necessário não é revelado pelas partes. Estaria na casa dos bilhões, segundo a Folha apurou.
A possível fusão entre o Banestado e o Bamerindus atenderia a um desejo da equipe econômica, que tem forçado os governos estaduais a privatizar os seus bancos.
Em agosto, o governo editou uma MP (medida provisória) criando uma espécie de Proer para financiar a privatização de bancos estaduais. A fusão Bamerindus-Banestado poderia receber recursos também dessa fonte.
A idéia da fusão dos dois bancos surgiu ontem, entre políticos da bancada paranaense no Congresso Nacional. Consultado, Andrade Vieira achou que seria uma solução aceitável para o seu banco.
A bancada paranaense no Congresso está tendo uma reação parecida à da bancada baiana, em 95, quando o Banco Econômico estava em dificuldades e sofreu intervenção do Banco Central.
Os políticos do Paraná -assim como os da Bahia em 95- consideram uma perda de prestígio a eventual venda do Bamerindus para um banco de fora do Estado. Ou, acham pior ainda, para alguma instituição internacional.
"Até agora, o único banco em condições reais de ficar com o Bamerindus é o Hong Kong Shangai Banking Corporation. Já que vão usar o Proer, devemos gastar o dinheiro dentro do próprio Paraná", disse Roberto Requião.
A proposta da fusão com o Banestado tem ainda de ser negociada com o Banco Central e também com o governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT).
Ontem, com a autorização de Andrade Vieira, o senador Requião procurou o ministro da Fazenda, Pedro Malan, para apresentar a proposta.

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