São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Vicentinho se declara em greve de fome

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do governo de cancelar sua adesão à Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), sobre critérios que devem ser adotados pelas empresas para as demissões sem justa causa, irritou as centrais sindicais.
Em protesto, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, se declarou em greve de fome por 24 horas. Ele disse que ficará sentado em frente ao Palácio do Planalto durante esse período, até as 16h de hoje.
Ao saber da intenção do sindicalista, o presidente Fernando Henrique Cardoso comentou ontem: "Então, é bom levar um colchão para ele (Vicentinho) e conferir se ele está sem comida mesmo".
Vicentinho abandonou ontem uma reunião no Ministério do Trabalho 30 minutos depois do seu início. Ela estava marcada desde o dia 9, para uma consulta formal às entidades patronais e de trabalhadores sobre a decisão do governo.
"É um vexame internacional. É um desrespeito discordar de uma convenção que não é uma camisa-de-força, não força a barra", afirmou.
Ele argumentou que existe uma comissão de empresários, trabalhadores e membros do governo, o Conselho Nacional do Trabalho, para discutir os assuntos da área trabalhista. O sindicalista disse que vai discutir a saída da CUT desse conselho.
Para o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, o cancelamento é um retrocesso. "Ela (a convenção) não é draconiana e foi feita em consenso com trabalhadores e empresários de todos os países."
Medeiros discutiu o assunto com FHC após a reunião no Ministério do Trabalho. Foi tranquilizado com a promessa de que o projeto será discutido com as centrais.
"Saio daqui tranquilo, com a garantia que não vou ser surpreendido pelo envio de um projeto desse tipo ao Congresso", afirmou o sindicalista após a reunião com FHC.
O porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, endossou: "O presidente só vai tomar uma decisão após discussão entre trabalhadores e empregadores."
Já os empresários saíram satisfeitos. Na reunião, o representante da Confederação Nacional do Comércio, Gualberto Veloso, disse que a convenção está na contramão da história.
A convenção ainda vai vigorar por um ano. Durante esse período, o governo pretende apresentar projeto de lei complementar.

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