São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Não-debate

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - O leitor eleitor de São Paulo que se sentiu frustrado com a não-realização do debate entre Pitta e Erundina pode se consolar com a realização do não-debate entre os candidatos do Rio.
O encontro entre Luiz Paulo Conde (PFL) e Sergio Cabral Filho (PSDB) na Rede Globo tinha nome de debate, formato de debate, jeitão de debate, mas foi pouco mais que o prolongamento dos programas apresentados por ambos no horário gratuito da TV. Se tinha o objetivo de esclarecer o eleitor, nada acrescentou que pudesse alterar o quadro da disputa.
"Eu sou o candidato da continuação", disse Luiz Paulo Conde pela enésima vez.
"Vou investir no social", proclamou Cabral Filho, também repetindo o mote principal de sua campanha.
E assim foi: Conde exaltando as obras do seu padrinho Cesar Maia, Cabral atacando-as; Conde mostrando o que fez, Cabral denunciando o que não foi feito.
Quem acompanhou a propaganda eleitoral dos dois no horário gratuito da TV já estava cansado de ouvir tudo aquilo. De novo, nada.
O tal debate foi, portanto, apenas o prolongamento da propaganda, num clima de exagerada superficialidade, sem que cada um dos contendores aprofundasse minimamente suas propostas. Em suma, uma sucessão de perguntas prontas para respostas idem.
Detalhe curioso e que deve ter deliciado a turma do voto nulo -aliás bastante expressiva no Rio: tanto Cabral quanto Conde estavam identicamente vestidos: trajavam paletó preto sobre camisa azul clara sem gravata.
O debate frustrado em São Paulo e o encontro sem sal nem tempero do Rio demonstraram, mais uma vez, que essa fórmula está definitivamente superada.
Ainda bem que, agora, só daqui a dois anos.

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