São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Casal reveza no sustento da família

Mamadeira é responsabilidade dos dois

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Claudio Machado, 36, e Marinéia Defendi, 34, não se consideram um casal convencional. Juntos há 20 anos, a idéia de que "é o homem quem põe o dinheiro dentro de casa" é desconhecida para eles.
"Já aconteceu de tudo com a gente. Houve época de a Néia estar superbem financeiramente, e eu não, ou vice-versa", diz Claudio.
"Em geral alternávamos", explica. "Eu quase sempre trabalhei como autônomo, já a Néia trabalhou mais com carteira assinada. Nunca tivemos problema com quem ganhava mais dinheiro."
"Eu tinha a minha grana, e o Claudio a dele, e dividíamos as despesas. Sempre ajudamos um ao outro", completa Marinéia.
Filhos
A dinâmica do casal mudou radicalmente há dois anos, quando nasceu Gabriel, o primeiro filho.
"Parei de trabalhar. Tivemos que escolher: ter babá, faxineira, ou criar os filhos juntos. Optamos por fazer assim", diz Marinéia.
A mudança foi difícil. "Quase fiquei louca. Me incomoda ficar parada. Tenho de ser produtiva."
Mas Marinéia ainda conta com a ajuda do marido. "Ele é mais organizado do que eu, põe tudo no lugar. Até quando ele chega tarde, sempre me dá uma força", diz.
"Ajudo no que dá. Acho sacanagem a mulher cuidar sozinha da casa, pois os filhos já dão muito trabalho", completa Claudio.
Mãe-pai
Agora Marinéia é mãe "tempo integral", mas, após o nascimento do filho, a situação era outra.
"Passei dois meses como mãe quando a Néia teve de voltar ao trabalho. Eu colocava a criança dentro do carro com mamadeira, fralda, troca de roupa, tudo e ia batalhar", conta Claudio.
"O Gabriel teve problemas de adaptação com o leite em pó, então o Claudio tinha que atravessar a cidade até meu trabalho para que eu pudesse dar de mamar ao bebê", conta Marinéia.
"Eu estava com muito trabalho na época, mas como eu era free-lancer e a Néia trabalhava em uma empresa, eu tinha que segurar as pontar dela no trabalho e dar conta do bebê. Foi bem difícil", afirma Claudio.
"Logo em seguida houve um corte na empresa e fui mandada embora. Fiquei dois anos só em casa e, agora que pensava em voltar a trabalhar, engravidei de novo", diz Marinéia.
(AOA)

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