São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Presidente está fora do curso há 4 anos

LUIZ FRANCISCO

LUIZ FRANCISCO; LUCIANA BENATTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Orlando Silva Junior, 25, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), está afastado há quatro anos do curso de direito da UCSal (Universidade Católica do Salvador).
Ele trancou a matrícula em 1992, após concluir o quinto semestre do curso.
Segundo a pró-reitora para Assuntos Acadêmicos, Liliana Mercury Almeida, 58, Silva Junior não pediu transferência para outra instituição.
O presidente da UNE, que entrou na faculdade em 1989, precisa fazer mais três semestres de seu curso para poder se formar.
Regulamento
Pelo regulamento da UCSal, o aluno que não pedir transferência ou voltar a estudar após três anos de matrícula trancada é automaticamente jubilado.
"Nosso estatuto também prevê, como exceção, a garantia de direito para todos os estudantes que estão exercendo um mandato de serviço coletivo", disse Liliana Mercury. Portanto Silva Junior não corre o risco de ser jubilado.
Os diretores e professores da UCSal disseram que o presidente da UNE era considerado um bom aluno. A secretária do DA (Diretório Acadêmico) do curso de Direito da UCSal, Tereza Pimentel, 26, disse que o atual presidente da UNE sempre teve vocação política.
"Sua atuação foi muito importante para a elaboração da Estatuinte (mudança do plano institucional e do regulamento da UCSal)", disse Tereza.
O presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFBa (Universidade Federal da Bahia), Alexander Andrade, 23, disse que a administração de Silva Junior "é excelente". "Orlando Silva Junior está sendo coerente com os seus princípios".
Professor notável
Diferente do ex-presidente da UNE Lindberg Farias, Silva Junior afirma não ter planos de seguir carreira política quando deixar a presidência da entidade. "Vou cumprir o meu mandato e voltar para Salvador."
Ele diz que planeja fazer mestrado em sociologia jurídica, depois de concluir a graduação. "Pretendo ser um professor notável, de destaque."
Para ele, o fato de hoje estar em contato com estudantes de várias partes do país vai ser útil na carreira acadêmica que pretende seguir.
"Por estar sempre viajando, a gente aprende a ser mais sensível à opinião dos estudantes e isso é necessário para quem quer ser um bom professor."
Demora
Silva concorda que os compromissos do cargo acabam interferindo em sua vida particular.
"Eu me prejudico. Com os compromissos do cargo, acabo atrasando a conclusão do meu curso", diz Silva.
Apesar disso, ele diz que gosta do que está fazendo. Para ele, a presidência da UNE é "uma escola de vida".

Colaborou Luciana Benatti, da Reportagem Local

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