São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Cemitério-parque vira área de lazer em SP

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Cemitério não é mais sinônimo de funeral, túmulo e tristeza para muitos paulistas que "descobriram" a área verde e arborizada dos 35 cemitérios-parques existentes na Grande São Paulo.
Moradores próximos a cemitérios como esses frequentam o local para fazer caminhadas, ler, fazer cooper e meditar. Alguns cemitérios permitem até piqueniques.
Além de áreas arborizadas, bosques, alamedas com bancos, os cemitérios-parques têm toda a estrutura de segurança no local.
O Cemitério da Paz, em São Paulo, foi o primeiro cemitério-parque inaugurado no Brasil, em 1965. Hoje, há 16 cemitérios-parques na capital e 120 no Estado.
"No início, o cemitério-parque não teve aceitação. Hoje virou coqueluche", disse Albano Corrêa, 58, administrador de campo do Cemitério da Paz. O cemitério permite até piqueniques, mas não é um parque de recreação comum.
"As pessoas podem vir para ler, passear, fazer uma higiene mental, mas não permitimos gritaria ou esportes com bola", diz Corrêa.
A dona do cemitério Parque Vale dos Pinheiras, em Mauá (Grande SP), Maria Beatriz Braga Romano, diz que o hábito de fazer piquenique em cemitérios-parques é muito comum nos EUA.
"Quem quiser passar a tarde no Vale dos Pinheiras e fazer um piquenique terá o privilégio de passar horas de sossego olhando para a Mata Atlântica." O cemitério será inaugurado em dezembro.
Na maioria dos cemitérios-parques consultados pela Agência Folha, porém, o piquenique não é permitido. Não se permite andar de bicicleta, de patins ou de skate, jogar bola e empinar pipas.
O Cemitério Morumbi, em São Paulo, recebe muitas pessoas em busca de lazer. "Geralmente, são moradores da redondeza", afirmou Rogério Giusti, 34, administrador do cemitério.
Para ele, "não combina" fazer piquenique no cemitério. Giusti disse que muitos moradores chegam de manhã ao local para fazer caminhadas e correr. "Isso afasta a imagem mórbida de cemitério."
Segundo o assessor da diretoria do Gethsêmani, em São Paulo, Adroaldo Uberto, 55, os horários mais procurados são o início da manhã e o fim da tarde, "quando os pássaros estão a cantar".
A auxiliar de administração do Cemitério de Santo André (Grande SP) Silvana de Souza, 29, também defende a idéia do cemitério-parque. O fato de haver pessoas que estão ali simplesmente por lazer torna o cemitério um lugar muito menos triste, diz ela.

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