São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Programa comunitário será ampliado

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das conclusões sobre os seis primeiros meses do projeto Qualis, segundo seus coordenadores, é que ele precisa ser ampliado. Pelo menos nos locais onde foi criado, em bairros carentes do extermo leste de São Paulo.
O programa foi implantado em abril e adotou a figura do agente comunitário, que acompanha diariamente a saúde dos moradores.
Cada agente é responsável por 200 famílias. Há 13 mil famílias cadatradas em nove postos de saúde.
Além dos postos, o Qualis conta com o Hospital Santa Marcelina, que realiza procedimentos médicos mais complexos.
Segundo a coordenadora do programa e médica sanitarista, Rosa Maria Barros Soares, 50, a primeira grande conquista do programa foi recuperar o trabalho de equipe e a prevenção de doenças.
"O agente passa nas casas e leva para o médico as reais necessidades dessa população. O programa ensina hábitos de higiene", diz.
Para a sanitarista, outro ganho do projeto é evitar que a população vá aos hospitais sem necessidade.
Nos próximos meses, o projeto deve ser ampliado. Segundo o secretário da Saúde José da Silva Guedes, a ampliação deve ficar restrita a locais onde já há postos.
A ampliação deve ocorrer porque o número de pessoas atendidas pelo projeto superou muito a expectativa dos coordenadores.
"Em alguns casos, o agente de saúde passou a atender até 320 famílias. A previsão era de 200", diz.
Segundo ela, na região do Barro Branco, após a implantação do programa, 400 novas famílias formaram uma nova favela.
A ampliação do projeto para outros bairros não está descartada pelo secretário, mas ainda depende de haver hospitais grandes em outras regiões da cidade interessados em participar.
"A região leste foi escolhida por ser onde vive grande parte da população carente da cidade", diz ele.
Uma das maiores dificuldades do projeto é conseguir médicos. "Primeiro, os postos ficam em lugares distantes. Alguns, como o Barro Branco, estão em região de invasões. O médico tem de ser um generalista", afirmou Rosa.
A principal crítica que se faz ao Qualis é montar uma estrutura que não está disponível para toda a população. "É uma ilha de excelência. O programa quer atender cem mil pessoas. Isso é uma gota d'água no meio dos 2,5 milhões que moram na zona leste. Mas é preciso começar em algum ponto", diz.

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