São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Calote cresce e já preocupa comércio

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O sinal de alerta da inadimplência voltou a piscar no comércio paulistano na primeira quinzena deste mês.
No período, o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) da Associação Comercial de São Paulo recebeu 91.175 registros de carnês de crediário em atraso superior a 30 dias.
O número é 19,62% maior do que o ocorrido na primeira quinzena de novembro de 1995 e 5,96% superior aos registros dos primeiros 15 dias de outubro passado.
Para a associação, o dado é preocupante, pois acentua uma reversão na tendência de queda da inadimplência dos consumidores. De fevereiro a setembro deste ano, os atrasos do crediário estavam diminuindo, mas pioraram novamente a partir de outubro.
No mês passado, os registros no SCPC subiram 18,56% sobre o mesmo mês de 1995 e 18,27% sobre setembro, para 181.116. O recorde mensal de registros no SCPC foi de 245 mil, em abril de 1995. O dados englobam informações de 14 mil comerciantes paulistanos.
Susto
"A insolvência dos consumidores nos assusta um pouco. Há mais de 3,5 milhões de carnês em atraso na cidade de São Paulo, número 405% superior à média histórica registrada pela nossa entidade", diz Elvio Aliprandi, presidente da associação.
Ele diz que a população que não perdeu o emprego após o Plano Real usará o 13º salário para saldar seus compromissos atrasados.
Emílio Alfieri, economista da entidade, ressalta que a inadimplência das empresas também tem subido nas últimas semanas.
As falências requeridas -utilizadas como forma de pressão sobre os devedores- somaram 603 na primeira quinzena deste mês em São Paulo. Houve crescimento de 23,82% sobre outubro.
"O cenário geral da inadimplência piorou, mas o aumento ainda não chega a ser desesperador. Será se a piora persistir por mais 45 dias", diz Alfieri.
O alongamento dos prazos de pagamento do crediário -para até 30 meses- poderá ser um complicador para o comércio no futuro, acrescenta Élcio Aníbal de Lucca, presidente da Serasa, central de crédito dos bancos.
"Falta experiência na concessão de créditos longos", diz ele.

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