São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Arrivismo faz a lei

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filmes de tribunal dependem, em geral, de dois fatores: intriga interessante, com evolução inesperada, e bons diálogos.
Se houver uma dupla de atores afinada, como Robert Redford e Debra Winger em "Perigosamente Juntos" (TNT, 22h), melhor. Se o pivô da intriga em que estão envolvidos transmitir uma idéia de desequilíbrio, como faz Daryl Hannah aqui, melhor.
O filme de Ivan Reitman não é, com certeza, uma obra-prima. Sua trama -os advogados Redford e Winger unem-se para resolver mistérios que envolvem uma herdeira de obras de arte em situação mais que duvidosa- já mostra um pouco do que será o conjunto.
Há os advogados, as "águias da lei": ambos são decididos, ambiciosos, determinados. E há a herdeira: baça, confusa, perdida. Reitman transmite com eficácia uma visão do mundo conforme à sua época, a 1986.
O mundo que se apresenta ao espectador não comporta chão anterior: divide-se entre arrivismo triunfante e decadência sombria. Daí não ser nada espantoso que dois advogados -em princípio em lados opostos- acabem por abraçar a mesma causa. O seu lado é um só: o do profissionalismo.
Mas não o profissionalismo hawksiano, que abria os seres para o mundo. Aqui, a profissão é o instrumento pelo qual uma visão de mundo já dada apenas se reafirma.
(IA)

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