São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Esquerda do PT ataca direção do partido

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do PT está sendo acusada por membros do próprio partido de ser responsável pelos tropeços nas eleições do dia 15, especialmente em São Paulo.
A campanha de Luiza Erundina é um dos principais alvos dessa apreciação.
Em sua maioria, as críticas têm origem na esquerda do PT, fortalecida na última eleição. "Se a campanha estava errada, como é que o partido inteiro assiste a isso sem tomar nenhuma medida?", diz o deputado Arlindo Chinaglia (SP).
"As direções paulista e nacional do PT foram omissas com o desastre na campanha de Erundina", afirma o deputado Ivan Valente (SP).
"A campanha mandou o militante para casa e a direção do partido não fez nada para mudar."
A esquerda do PT reclama da despolitização da campanha de Erundina e do confronto entre as propostas petistas com realizações do governo de Paulo Maluf.
O exemplo mais citado é o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Para Valente, Erundina deixou de atacar o PAS por achar que tinha aprovação popular. "A proposta de saúde do PT não tem nada a ver com o PAS."
"Todo o movimento de saúde contestou o PAS, mas Erundina evitou fazer o enfrentamento", diz Chinaglia. "Como explicar um vacilo desse? Foi vacilo da Erundina, da coordenação da campanha e da direção do PT."
A chamada esquerda petista se sente mais à vontade para criticar. Saíram desse bloco os dois prefeitos eleitos em capitais -Raul Pont, de Porto Alegre, e Edmilson Rodrigues, de Belém.
Pont integra a corrente Democracia Socialista, e Rodrigues, a Força Socialista. A maior parte da direção petista pertence à Articulação, considerada de centro.
A esquerda petista está em minoria. No último Encontro Nacional do PT, teve 46% dos votos, contra 54% da Articulação e de correntes aliadas. "O resultado da eleição mostra que a esquerda também é boa de voto", diz Valente.
A vitória da esquerda petista -ganhou ainda cidades importantes como Caxias (RS)- revitalizou seus integrantes. A ponto de estender suas críticas a outras iniciativas da direção do partido.
"O PT do Rio lançou candidato (Chico Alencar) contra a vontade da direção do PT", diz Chinaglia. "Quem está hoje mais de pé: o PT do Rio ou o de São Paulo?", afirma.
Conflitos internos como em Diadema e Santos, ambos em São Paulo, são outros alvos da esquerda.
"A direção foi omissa", afirma Valente.

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