São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Comércio intensifica cobrança de atrasos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio já começa a reagir ao aumento da inadimplência na primeira quinzena deste mês.
A estratégia é ser ainda mais rigoroso na liberação do crédito e na cobrança do cliente, mesmo que isso leve à queda nas vendas, o que já aconteceu.
A Lojas Bernasconi, por exemplo, que está presente em 25 cidades do interior paulista, montou uma operação que chama internamente de "tropa de choque".
A empresa contratou uma equipe de especialistas em cobrança para percorrer as cidades e ajudar o cobrador local -geralmente um- a receber as prestações atrasadas dos clientes.
Além disso, a Bernasconi decidiu contratar uma empresa especializada em cobrança. Está estudando no momento três propostas.
A rede de lojas quer reduzir a inadimplência -que chega a representar 14% do valor financiado-, quando contabilizados os atrasos acima de um dia.
Nos atrasos de 31 dias a 150 dias a inadimplência da Bernasconi é de 4,5% e, acima de 151 dias, de 2%, considerado perda.
"O jeito é recrudescer para minimizar as perdas", diz Victorio Bernasconi, diretor da rede de lojas, que também passou a acompanhar o crédito na matriz -antes o gerente era soberano.
A Lojas Cem, que tem 62 lojas espalhadas pelo interior de São Paulo e sul de Minas, contratou um escritório de advocacia para cuidar da cobrança dos clientes.
O atraso no pagamento de até 30 dias representa 5% do valor financiado. De 31 dias a 180 dias esse percentual cai para 4,5%, e superior a 181 dias chega a 3,5%.
Natale Dalla Vecchia, diretor, diz que os gerentes estão mobilizados para evitar a inadimplência, pois os atrasos podem reduzir até 30% das suas comissões.
No Magazine Luiza, que tem 54 lojas no interior de São Paulo e de Minas Gerais, a meta é ser mais rígido na concessão do crediário.
"O segredo para reduzir a inadimplência é analisar bem a situação do cliente antes de liberar o financiamento", diz Paulo Murari, gerente financeiro.
O Magazine Luiza está checando com mais cautela se o consumidor tem residência, emprego, se é bom pagador -utiliza o serviço de SPC (Serviço de Proteção ao Crédito)- e se não está comprometendo mais do que 20% da renda.
A G. Aronson, que tem o crediário administrado pelo Banco Cacique, diz que a financeira está mais rígida para liberar financiamento e isso já provocou queda de 10% nas vendas a prazo da rede neste mês, diz Girzs Aronson, proprietário.
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, diz que o movimento das lojas para conter a inadimplência explica queda de 0,7% no número de consultas ao SPC na primeira quinzena deste mês sobre igual período de outubro.

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