São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Bagunça do futebol brasileiro extrapola campo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Pelo visto, o futebol brasileiro, que até agora só exportou talento dentro das quatro linhas, começa a acrescentar lotes da nossa famigerada bagunça fora do campo.
Há dias, Zagallo já insinuara que a próxima Copa América nada acrescentaria ao processo de preparação para o Mundial da França. Afinal, já conhecemos os sul-americanos de sobra e tal e cousa e lousa e maripousa.
Agora, sai do limbo eterno Ricardo Teixeira para jogar a pá de cal no assunto: se formos à Bolívia, será com um time reserva. E mais: só aceitamos jogar em Santa Cruz de la Sierra, ao nível do mar. Na verdade, a CBF e o seu presidente pouco estão se lixando com a preparação do time.
Tanto, que preferem ir tocando a bola com esses bandos arregimentados em cima da hora, tipo Lituânia, Bósnia e que tais, do que enfrentar uma disputa oficial contra vizinhos bem armados, como Argentina, Colômbia, Chile etc.
Eles estão de olho mesmo é na torrente de dólares que rolará no torneio amistoso na França, na mesma época.
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Por falar em bagunça, ficou para amanhã o jogo entre São Paulo e Cruzeiro. De qualquer forma, o tricolor sairia mesmo em vantagem, com o contingente de cruzeirenses suspensos. São sete titulares fora de jogo, entre eles, Palhinha, a estrela da companhia, e, seguramente, melhor jogador do campeonato até agora.
Já o tricolor não terá Denílson, fundamental no esquema de Muricy. Apesar disso, prevejo um jogaço.
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O mesmo não se pode dizer da decisão desta noite em Porto Alegre, onde um Corinthians minado pelo desentrosamento, dentro e fora do campo, vai à cata da classificação diante de um Inter que luta pela mesma vaga, só que em estado de graça.
Mais uma vez, o Corinthians depende do carisma da sua camisa. Até quando, Deus?
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Só nas três últimas rodadas desta fase o campeonato pegou fogo, despertando o interesse do torcedor, depois de meses de letargia. Obviamente, porque, afinal, algo está em jogo: ou a classificação para a próxima fase ou a queda para a divisão inferior.
Ora, por que então não manter esse clima de disputa ao longo de todo certame? Como? Simples: Estabeleça-se um limite de 16 participante, por exemplo: divida-se, por sorteio, em quatro grupos de quatro clubes. Os campeões de cada grupo disputam entre si o título do primeiro turno. Repita-se a operação (aqui pode ser tabela dirigida) quantas vezes necessárias para cumprir com folga o calendário. No final, uma superdecisão entre os campeões dos turnos. Assim, cada jogo será vital, e a cada três rodadas teremos uma decisão. É isso que o povo quer.
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Antes tarde do que nunca, agradeço as palavras elogiosas do mestre Armando Nogueira a este pobre escriba. Como diria o malandro pernóstico, o brilho que o amigo vê nestes escritos é apenas reflexo da luz que vem do mestre.

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