São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Instituições tentam curar viciados em Internet

RICARDO ANDERÁOS
DO UNIVERSO ONLINE

Você já está habituado a pagar horas extras para seu provedor de acesso à Internet? Anda tendo problemas no casamento ultimamente? Já sentiu uma fisgada no braço por uso excessivo do mouse? Se respondeu afirmativamente a duas dessas perguntas, cuidado: você pode ser uma das primeiras vítimas da "on line addiction", ou VI -o vício em Internet.
A nova doença foi identificada em janeiro de 1995, e seu histórico e sintomas podem ser encontrados na homepage mantida pelo Centro para Viciados On line da Universidade de Pittsburgh (http://www.pitt.edu/~ksy/).
O Centro, dirigido pela doutora Kimberly S. Young (e-mail: ksy+@pitt.edu), promove workshops com profissionais de saúde, dá consultoria a instituições médicas e educacionais e conduz uma extensa pesquisa na própria rede sobre o assunto.
Mas não é só nos EUA que existem instituições preocupadas com os VIs. O Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique, também mantém um serviço on line de ajuda aos viciados (http://www.ifap.bepr.ethz.ch/~egger/ibq/res.htm), baseado numa pesquisa desenvolvida por Oliver Egger (e-mail: egger@ifh.ee.ethz. ch) e pelo doutor Matthias Rauterberg (e-mail: rauterberg@ifap. bepr.ethz.ch).
Depois de entrevistar 450 usuários da Internet na Suíça, o Instituto traçou o perfil dos internautas do país: 84% são homens, 60% têm entre 25 e 35 anos de idade e 55% possuem grau universitário. Acessam a rede há menos de um ano 28,5%, e 20,4% há menos de dois anos. O mais impressionante é a taxa de usuários que se consideram viciados, segundo os critérios adotados pelos pesquisadores, por volta de 10% dos entrevistados.
Uma das características mais marcantes dos VIs, apontadas pelos dois centros de pesquisa, é o orgulho em se declararem viciados.
A valorização social do acesso à rede é apontada pela doutora como um dos fatores que mais contribuem para o processo de "intoxicação" que leva ao vício.
Em seu site, ela oferece um questionário básico para profissionais de saúde e educadores indentificarem os VIs. (leia texto ao lado).
Agora a sério: quanto mais cedo, na leitura deste artigo, você percebeu que tudo isso pode ser bobagem temperada com altas doses de realismo, tenha cuidado mesmo.
Nada mais no espírito da Internet do que acadêmicos e profissionais que trabalham com a rede perderem horas criando e mantendo sites de "pesquisa" com um leve toque de humor sobre a rede -e se você percebeu isso lá em cima, logo depois de ler o título, é porque já foi irremediavelmente tomado pela coisa.
Sem dúvida, é possível ficar viciado pela Internet, e não é só nos cotovelos e no pulso que a gente percebe os sinais do excesso.
Quer falar um pouco sobre o efeito calmante que o barulhinho de um modem conectando exerce sobre sua psique? Visite a seção "Fórum" do Universo Online, clique o tema "Viciados em Internet" e deixe sua colaboração.

A colunista Maria Ercilia está em férias.

E-mail anderaos@uol.com.br

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