São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996 |
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Colega homenageia bailarino mendigo
ANA FRANCISCA PONZIO
Um mergulho sem volta em uma crise existencial fez com que Sete trocasse a carreira promissora pela condição de sem-teto. Por opção e rejeitando interferências de amigos que tentaram trazê-lo de volta à normalidade, ele hoje perambula sem rumo pelas ruas da cidade. Ex-colega de Sete, Raymundo Costa dedica ao bailarino o espetáculo "Falling Angels", que estréia hoje na mostra "O Masculino na Dança", promovida pelo Centro Cultural São Paulo. Nesta coreografia, Costa procura expressar sentimentos como a solidão urbana que, segundo ele, é produto deste final de milênio. "Falo de pessoas como Jairo, que perderam a ilusão sobre qualquer coisa", diz o coreógrafo, que atualmente integra o elenco do Balé da Cidade de São Paulo. "Contudo, 'Falling Angels' aponta uma esperança por meio da solidariedade", acrescenta Costa. O coreógrafo utiliza como trilha sonora "Clair de Lune", de Debussy, e músicas de David Bowie. "Masculino na Dança" Além de Raymundo Costa, a programação de "O Masculino na Dança" reúne novos autores como Sandro Borelli, Armando Aurich, Milton Kennedy e Robson Lourenço Com exceção de Borelli, os demais dançam no Balé da Cidade, cuja direção está incentivando os bailarinos a realizarem suas próprias coreografias. Também de conteúdo narrativo, "Sessenta e 4 Baladas", de Milton Kennedy, tem como tema os conflitos de um religioso, dividido entre a fé e os prazeres mundanos. Em "Quatre Pas", Armando Aurich se vale de uma colagem musical que inclui George Michael e Lulu Santos para desenvolver uma paródia pop sobre o "pas de quatre" tradicional, símbolo do balé romântico do século passado. Encerrando o programa, a coreografia "Chance", de Robson Lourenço, enfoca a dúvida e o processo de opção de personagens cujo principal recurso cênico é um travesseiro. Evento: Masculino na Dança Quando: de hoje a sábado, às 21h30, e domingo, às 20h30 Onde: Sala Paulo Emílio Salles Gomes, do Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611) Ingressos: R$ 5,00 às quartas e quintas-feiras e R$ 8,00 de sexta a domingo Texto Anterior: Performance faz parte do texto jornalístico Próximo Texto: Bryan Lee sacrifica virtuosismo pela coesão Índice |
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