São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Descoberto o fóssil mais antigo do gênero humano

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma maxila descoberta no leste africano em 1994 tornou o gênero humano mais velho. O pedaço de osso, a mais antiga evidência do gênero Homo, ao qual pertence o homem moderno (Homo sapiens), foi encontrado na Etiópia.
A descoberta, que será publicada na edição de dezembro da revista "Journal of Human Evolution", tem implicações importantes.
A primeira delas está relacionada à idade do gênero Homo. "O novo fóssil, datado de 2,33 milhões de anos, estende em pelo menos 330 mil anos a idade do gênero Homo, que acreditava-se ter surgido por volta de 2 milhões de anos", diz Marta Lahar, do Instituto de Biocências da USP.
A segunda delas diz respeito a quando teria surgido a capacidade de fazer ferramentas: se com os primeiros Homo ou com seus ancestrais, os australopitecíneos.
Os cientistas já sabem que, em algum momento da história evolutiva humana -entre 3 milhões e 2 milhões de anos atrás- o gênero Homo evoluiu de seres muito parecidos com macacos, os australopitecíneos.
Até recentemente, ferramentas, que naquela época não passavam de pedras trabalhadas, só haviam sido descobertas em locais onde haviam restos tanto de uma espécie de australopiteco chamada robusta como de Homo.
Mas a nova descoberta das ferramentas num local onde só havia presença de restos de Homo apóia a idéia de que essa capacidade surgiu com os Homo.
Entre os autores do achado, feito por um grupo internacional de cientistas, está Donald Johanson, um dos descobridores de "Lucy", o fóssil de um australopiteco fêmea que faz parte do grupo de hominídeos que antecedeu o aparecimento do homem.
Lucy, entretanto, não é um ancestral direto do homem e sim faz parte de um grupo que, ao longo da evolução, foi sendo substituído gradativamente pelos Homo, mais capazes de se mover de forma ereta, mais robustos e com capacidade de fazer ferramentas.

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