São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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EUA vetam reeleição de Boutros-Ghali

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Os Estados Unidos vetaram ontem a reeleição do diplomata egípcio Boutros Boutros-Ghali, 74, para o cargo de secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
O país foi o único dos 15 integrantes do Conselho de Segurança a se opor à candidatura de Boutros-Ghali.
Os Estados Unidos alegam que o secretário-geral perdeu a confiança do país, especialmente do Congresso, por não ter sido capaz de reestruturar a ONU.
A sua substituição permitiria que o Congresso, controlado pelo Partido Republicano, aprovasse crédito de US$ 1,5 bilhão para que os Estados Unidos paguem suas dívidas junto à ONU.
A intenção de vetar a reeleição de Boutros-Ghali foi anunciada em junho pelos Estados Unidos.
Ontem, a representante do país na ONU, Madeleine Albright, disse aos outros membros do Conselho de Segurança que tinha instruções escritas do secretário de Estado, Warren Christopher, para apresentar o veto.
Tradição
Boutros-Ghali deve ser o primeiro secretário-geral da história da ONU a não ser reeleito para um segundo mandato.
Com o veto a seu nome, estuda-se um substituto africano -as regiões representadas pelos secretários-gerais anteriores ficaram no comando da ONU por dois períodos.
Por enquanto, nenhum outro nome foi apresentado.
O processo de escolha deverá ser dificultado pela decisão de Boutros-Ghali, anunciada ontem, em manter sua candidatura.
A avaliação dos diplomatas é que nenhum nome africano será fortalecido enquanto persistir a candidatura de Boutros-Ghali.
Teoricamente, a Assembléia Geral da ONU pode se opor ao veto dos Estados Unidos e aprovar a reeleição do secretário-geral, mas isso é considerado bastante improvável dentro da entidade.
O Conselho de Segurança voltará a fazer consultas informais para tentar chegar a um nome de consenso. Não há uma prazo definido para conclusão desse processo.
O mandato de Boutros-Ghali termina no dia 31 de dezembro. O próximo secretário-geral terá mandato de cinco anos e comandará a ONU até 2001.
Tradicionalmente, o candidato à secretário-geral é escolhido por consenso pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, que têm poder de veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
Depois da indicação do Conselho de Segurança, o nome do candidato é submetido aos 185 países que fazem parte da Assembléia Geral da ONU.

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