São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Grupo chileno paga ágio de 30% pela Cerj

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Cerj (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro) foi privatizada ontem, com a venda de 70,26% do seu capital por R$ 605,33 milhões.
O ágio (valor adicionado) sobre o preço mínimo foi de R$ 140,66 milhões -correspondentes a 30,27% dos R$ 464,67 milhões inicialmente pedidos.
Foi o maior ágio em todas as privatizações brasileiras entre as empresas vendidas para pagamento em dinheiro. Segundo o diretor financeiro da Cerj, Cláudio Bentes, apenas R$ 10 milhões (1,65%) do valor apurado em leilão poderão ser pagos com certificados de privatização estaduais.
O novo grupo controlador da Cerj, que distribui 20% da energia elétrica consumida no Estado do Rio, é formado pela chilena Chilectra S/A, a portuguesa EDP (Eletricidade de Portugal S/A) e a espanhola Endesa Desarollo S/A.
Controle
O sócio majoritário no consórcio é a Chilectra, que comprou 60% do total leiloado, correspondentes a 42,15% do capital total da Cerj.
A EDP arrematou 30% do valor leiloado (21,08% do capital da Cerj) e a espanhola Endesa ficou com 10% (7,03% do capital).
A Chilectra se fez representar no consórcio por duas subsidiárias -a Empresa Electrica do Panamá S/A e a Sociedade Panamena de Eletricidade.
A privatização da empresa foi realizada pelo sistema de entrega de envelopes fechados e demorou menos de dez minutos.
Além da proposta vencedora, foi apresentada outra, no valor de R$ 551 milhões, por um consórcio liderado pela Light Serviços de Eletricidade.
A Light, privatizada no início do ano, já controla 79% do mercado de energia elétrica do Rio e poderia conseguir o monopólio da distribuição no Estado (99%) se tivesse arrematado a Cerj.
O outro grupo que manifestou interesse na compra da estatal acabou não apresentando proposta. Ele era liderado pela Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas), empresa que também foi privatizada.
A Folha apurou que divergências internas entre os participantes provocaram a desistência.
Perdas recordes
O presidente da Chilectra, Marcos Zylberberg, anunciou que os novos controladores devem investir R$ 500 milhões na Cerj nos próximos cinco anos.
Desse total, 60% devem ser investidos nos dois primeiros anos.
A Cerj tem um índice de perda de energia de 27,5% -um dos maiores do mundo. Cerca de 18% das perdas têm origem em ligações irregulares.
Zylberberg disse que a melhoria da qualidade dos serviços levará o consumidor a legalizar suas ligações. Ele disse também que, se forem necessárias demissões entre os 4.382 empregados da Cerj, elas serão feitas pelo sistema de demissões voluntárias.
América do Sul
A Chilectra é uma operadora de energia elétrica que atua nos mercados do Chile (50% do total), Argentina (40% do total, com a Endesa) e Peru (30%, com a Endesa).
Ela é controlada pela holding Enersis, cujo capital pertence a fundos de pensão chilenos (um terço), aos seus empregados (um terço) e o restante é dividido entre o mercado de ações de Nova York (20% do capital total) e o mercado chileno.
A EDP é uma estatal portuguesa que responde por 85% da geração e 100% da distribuição de energia elétrica no seu país.
A Endesa é uma estatal espanhola que distribui 42% da energia consumida em seu país.

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