São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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FHC nega barganha entre venda da Vale e reeleição

Presidente encontrou-se com Itamar para discutir o assunto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "não há barganha" com o Congresso envolvendo a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e a emenda da reeleição.
FHC negou qualquer recuo na sua proposta de privatizar a empresa e rebateu as várias críticas feitas à sua idéia.
Durante encontro com o ex-presidente Itamar Franco, FHC brincou com os jornalistas: ele contou até três e sentou rapidamente na poltrona. O objetivo, segundo ele, foi evitar fotos de "cabeça baixa".
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BARGANHA - "A palavra barganha está excluída dessa história, completamente. A Vale do Rio Doce é uma empresa que tem uma grande importância, e a decisão de privatização não tem nada a ver com mais nada. A não ser com o interesse nacional. Muito menos com reeleição. Quem for imaginar que vai haver barganha com a reeleição, que tire o cavalo da chuva."

RECUOS - "Se eu fosse levar a sério os recuos que vocês (jornalistas) dizem que eu vou fazer, já tinha caído no abismo."

CEDER AO SENADO - "Quando é necessário, o governo volta atrás. Mas não é o caso. O que foi dito de novo por mim aos líderes, que repetiram ontem (anteontem) no Congresso, é o que eu sempre disse: que matérias dessa importância têm que ser discutidas pelo Senado, pela opinião pública. Porque aqui não existe verdade absoluta.
O que existe são interesses nacionais, que cada um quer preservar a seu modo e que nós achamos que nosso modo é o correto, e que vamos fazer com toda a transparência, como todas as matérias dessa natureza."

PARTICIPAÇÃO DO SENADO - "O Senado vai discutir o edital, como eu já disse antes. Ele será apresentado ao Senado. Mas a responsabilidade (da privatização) é do Executivo."

DINHEIRO DA VENDA - "Aqui há uma nova confusão. O Brasil tem uma dívida, que vai ter que quitar. Mas isso não significa que aquilo que vai se economizar com esse processo, em termos de juros, por exemplo, não deva constituir um fundo razoável, importante, para levar adiante obras públicas de infra-estrutura, que vão beneficiar os Estados onde a Vale opera e também os outros. Quanto vai ser aplicado, eu não sei, isso é uma questão técnica."

GOVERNADORES - "Não estou atendendo governador tal ou qual, nem porcentagem tal ou qual."

AÇÃO SOCIAL DA VALE - "Essa ação deve ser do governo. Uma empresa não deve ser uma obra de caridade, tem que dar lucro. Quem tem que fazer obra, não de caridade, mas de justiça social, é o governo. Não são as empresas. Ou são as empresas com seus lucros, e não com dinheiro operacional."

OS CONTRAS - "Eu entendo o saudosismo. Eu compreendo emocionalmente que as pessoas são saudosas de um passado. Mas o passado é o passado."

ITAMAR - "Foi uma conversa de duas pessoas que sabem e tiveram papel em comum, que mudaram muitas coisas por aqui, e que querem continuar nesse propósito."

ITAMAR É SAUDOSISTA? - "Não, não, não."

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