São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Mortalidade em maternidade quintuplica

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A taxa de mortalidade entre os bebês nascidos em novembro na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza (CE), é quase cinco vezes maior do que a registrada em 1994 e quase o dobro da verificada no ano passado.
Segundo o Serviço de Neonatologia da maternidade, morreram, de 1º a 20 de novembro, 49 dos 460 bebês nascidos no hospital. Isso significa uma taxa de mortalidade de 106,5 crianças a cada 1.000.
A diretora do Serviço de Neonatologia, Sidneuma Ventura, disse que, em 94, a taxa de mortalidade era de 22 crianças a cada 1.000 nascidas. Em 95, essa média foi de 54,3 crianças mortas a cada 1.000.
A taxa de mortalidade em novembro é maior do que a publicada ontem pela Folha porque a direção do hospital corrigiu o número de crianças nascidas neste mês no hospital. Anteontem, a direção havia informado que haviam sido 688 nascimentos. Foram 460.
Nos últimos seis meses, a maior taxa de mortalidade é a dos 20 primeiros dias de novembro. No mês passado, a taxa de mortalidade, de 81,6 a cada 1.000, é bem maior que a de setembro, 47 por 1.000.
Sidneuma afirmou que o aumento da taxa de mortalidade é diretamente proporcional ao crescimento de casos de partos de alto risco.
"Enquanto, no ano passado, 16% dos partos feitos aqui eram de alto risco, em 96 a taxa subiu para 30%, e 50% dos bebês que nascem aqui pesam menos de 1,5 kg."
Para a diretora, o crescimento da taxa de partos de alto risco não tem sido acompanhado de uma melhoria na estrutura de atendimento.
Uma comissão de técnicos do Ministério da Saúde e das secretarias Estadual e Municipal da Saúde estiveram ontem fazendo vistoria no berçário e nas suas instalações.
A coordenadora do Programa de Saúde da Criança do ministério, Ana Goretti Kalume, disse que "são excelentes" as condições de higiene da maternidade.
Segundo Kalume, a principal deficiência encontrada foi a superlotação no berçário. "Na UTI, com capacidade para 12 bebês, estavam internados 18."
O secretário de Saúde do Ceará, Anastácio Queiroz, afirmou que somente na próxima semana divulgará o resultado das investigações que estão sendo feitas para apurar o crescimento da mortalidade na Maternidade-Escola.
Queiroz disse que não existe "o menor indício" de que os bebês tenham morrido por causa de um surto de infecção hospitalar."As evidências são de que houve superlotação no atendimento de partos de alto risco", disse.
Segundo ele, há 34 leitos de UTI para bebês em Fortaleza, 12 na Maternidade-Escola. Ele disse que vai pressionar pessoalmente diretores das maternidades da cidade para não recusar partos de alto risco.

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