São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Laboratório ameaça parar fornecimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os 12 laboratórios oficiais que produzem cerca de 50% dos medicamentos distribuídos para os hospitais da rede pública do país vão suspender o fornecimento a partir de sexta-feira, se não receberem os R$ 48 milhões que deveriam ter sido pagos em setembro pelo Ministério da Saúde.
O presidente da Alfob (Associação de Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil), Antônio José Alves, se reuniu ontem com o ministro interino da Saúde, José Carlos Seixas, que pediu prazo até sexta para arranjar o dinheiro.
"Esse dinheiro é fundamental, importante e tem de ser encontrada uma saída. Quando ameaçamos parar produção, não estamos fazendo pressão política, jogo de cena. Estamos realmente muito endividados", afirmou Alves.
Segundo o presidente da Alfob, a maioria dos 12 laboratórios que fornecem medicamentos para a rede pública está sem dinheiro até para comprar matéria-prima e pagar funcionários.
"Nossos fornecedores só aceitam vender os produtos se receberem adiantado porque sabem que o ministério não está repassando os recursos em dia. Para continuar produzindo, tivemos de recorrer a empréstimos bancários."
Segundo Alves, os medicamentos que poderão sumir primeiro são aqueles que os laboratórios produzem exclusivamente para o Ministério da Saúde, como o AZT e remédios contra diabetes e pressão arterial.
"São medicamentos essenciais, de uso contínuo, que a maioria da população não tem como adquirir por conta própria. Não adianta nada o ministério se preocupar em pagar os hospitais em dia se não houver remédio para ser distribuído", disse Alves.
Seixas pediu prazo até sexta-feira porque ainda não possui os R$ 48 milhões necessários para saldar o débito de dois meses.
"O ministro se mostrou sensibilizado, disse que não estava tranquilo, mas afirmou que ainda não tinha os recursos. Sei que ele não é o responsável, sei que depende muito da área econômica, mas, se não recebermos o dinheiro logo, há risco de o caos na saúde se instalar de uma vez por todas."

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