São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Zaire pode ter novo êxodo de refugiados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Satélites norte-americanos detectaram indícios de uma segunda onda de refugiados indo em direção a Ruanda. O novo fluxo torna mais improvável o envio de uma força internacional de intervenção no Zaire.
Segundo a ONU, o número de refugiados a caminho de Ruanda pode chegar a 100 mil.
Na primeira etapa do êxodo, cerca de 500 mil hutus de Ruanda que haviam fugido do país após a derrota da etnia na guerra civil de 1994 cruzaram a fronteira de volta.
O êxodo, que começou na última sexta-feira, foi desencadeado por uma ofensiva de rebeldes tutsis do Zaire. Os milicianos hutus que controlavam os campos, impedindo o retorno de refugiados, bateram em retirada.
Radicais hutus são acusados pelo genocídio de cerca de 1 milhão de tutsis e hutus moderados durante o conflito em Ruanda.
Um segundo êxodo em massa quase certamente fará com que a comunidade internacional desista de enviar uma missão humanitária liderada pelo Canadá.
O principal objetivo da missão seria criar um corredor para o retorno dos refugiados, o que acabou ocorrendo espontaneamente.
Testemunhas disseram que aviões, supostamente dos EUA, sobrevoaram Goma pela manhã. Rebeldes tentaram abater as aeronaves, que não foram atingidas.
Novo adiamento
A reunião que deve decidir sobre o envio de tropas para o Zaire, que ocorreria hoje em Sttutgart (Alemanha), foi adiada para amanhã.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem que o país ainda não tomou uma decisão sobre a participação de suas tropas em uma missão humanitária à região.
O vice-presidente de Ruanda, Paul Kagamé, disse ter "sérias suspeitas" quanto à necessidade de associar o envio de ajuda ao país à presença de uma força de intervenção internacional.
"Se a assistência humanitária está ligada à força, então tenho razões para estar desconfiado."
O envio da força internacional é defendido pelo governo do Zaire.
Rebeldes
Líderes das forças tutsis que controlam o leste do Zaire lideraram ontem manifestação em Goma.
André Kassesse, líder militar rebelde, disse que os guerrilheiros pretendem iniciar a cobrança de impostos para que "escolas funcionem, mercados sejam abertos e médicos sejam pagos".
Falando para cerca de 10 mil pessoas, ele prometeu derrubar o presidente Mobutu Sese Seko, no poder desde 1965, e levar a democracia ao país.

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