São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Furlan vê medidas 'inócuas' do governo

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Fernando Furlan, diretor-titular de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), qualificou de "inócuas" as medidas de estímulo às exportações anunciadas até agora pelo governo para combater o déficit comercial.
Furlan disse ontem que essas medidas só ajudarão a equilibrar a balança comercial a médio prazo. Segundo ele, um avanço mais rápido das exportações resultaria de uma aceleração no ritmo da desvalorização cambial.
"A mudança do câmbio é uma injeção na veia, cujo efeito no aumento das exportações seria imediato, e essas medidas de estímulo são pastilhas. Vamos ter que tomar pastilha durante um bom tempo para ver se dá resultado", afirmou.
Furlan disse que concorda em tese com o ponto de vista de Gustavo Franco, diretor de Assuntos Internacionais do BC (Banco Central), segundo o qual não é preciso mexer no câmbio para equilibrar a balança comercial.
Para Franco, seria necessário apenas estimular as exportações para reduzir o déficit comercial, que, em outubro, atingiu um recorde mensal de US$ 1,3 bilhão.
Furlan disse, porém, que as medidas já adotadas -seguro de crédito à exportação, financiamento do BNDES e isenção do ICMS para produtos semimanufaturados e agrícolas de exportação- não obtiveram o efeito prático desejado. "É bom lembrar que discurso não estimula a exportação."
Lentidão
Furlan criticou a lentidão na aprovação do mecanismo de isenção do PIS e Cofins das exportações. A MP (medida provisória) nesse sentido, que agora tem o número 1484, vai para a 27ª reedição.
Segundo ele, essa medida, se colocada em prática, geraria um grande estímulo à exportação, equivalendo a uma desvalorização cambial de cerca de 2%, ou quatro meses de desvalorização.
Para o diretor da Fiesp, o benefício é inócuo porque a MP criou dois tipos de exportadores: parte usa o benefício e uma larga parte está impedida de usar.
"Se o governo conseguisse viabilizar pelo menos aquilo que já está na legislação, conseguiria uma redução de custos de 2% para um grupo de empresas exportadoras que hoje representa metade da exportação brasileira."

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