São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Acaba inquérito sobre policiais e bicheiros

DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil concluiu ontem inquérito sobre as relações entre policiais civis e os bicheiros paulistas.
A investigação constatou que 48 policiais têm rendimentos não-declarados e incompatíveis com as fontes de renda.
Segundo a polícia, este é o maior inquérito da história da Polícia Civil. Ao todo são 548 volumes e 207.412 páginas. O apuração começou em 11 de abril de 1994 a mando do então secretário da Segurança Pública, Odyr Porto.
Os 548 volumes foram enviados ontem ao Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça, que deverá remetê-lo ao MPE (Ministério Público Estadual).
Apenas três policiais pesquisados pela corregedoria têm rendimentos compatíveis com o salário. Além dos policiais, 119 bicheiros e seus gerentes e familiares foram investigados pela corregedoria.
A corregedoria também pesquisou as propriedades dos suspeitos. "Encontramos, entre os policiais, ganhos de até 1.700% acima da renda declarada", disse o delegado Roberto Maurício Genofre, diretor da corregedoria.
Segundo ele, a grande maioria de policiais investigados afirmou em depoimento que tinha rendimentos incompatíveis com seus salários porque prestava serviços informais como seguranças. "Nenhum apresentou o local desses trabalhos ou quem os pagava."
Em relação aos bicheiros, a corregedoria afirma ter constatado que o maior deles, Ivo Noal, teria obtido ganhos de até 8.675% acima do que declarara à Receita Federal.
Noal diz sempre pagou seus impostos e que nunca teve problemas com a Receita Federal. Segundo ele, as contas feitas pelos peritos da corregedoria estão erradas.
O relatório final do inquérito feito pelo delegado Hélio Panica, que chefiou as investigações, não indiciou nenhum dos policiais investigados. Segundo ele, isso não ocorreu para que o Ministério Público possa definir que crimes os policiais e os bicheiros cometeram.
Panica não quis revelar por quais outros crimes policiais e bicheiros poderão ser acusados. "Há pessoas que se identificaram como advogados, mas não são. Elas poderão responder por falsidade ideológica", disse.

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