São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Concessionária tenta faturar com 'recall'

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O "recall" de 600 mil carros da Volks e da Ford para troca das mangueiras de combustível pode se transformar em presente de final de ano para as concessionárias.
A substituição das peças não custa nada para o dono do carro. Mas os revendedores já fazem planos para aumentar o faturamento. Eles se preparam para oferecer serviços adicionais e até para vender automóvel novo aos seus clientes.
Revendedores calculam que o número de atendimentos nas oficinas autorizadas deve crescer cerca de 30% nas próximas semanas.
"Vamos aproveitar esse fluxo de clientes e oferecer alguma coisa a mais", conta Roberto Pimenta, gerente de serviços da Primo Rossi, revenda Volkswagen de São Paulo.
Eufrasio Pereira Jr., da Eufrasio Veículos, concessionária Ford, concorda. "O proprietário é obrigado a vir à revenda, conhece os novos lançamentos e pode até comprar um carro novo."
Surpresa
O movimento no primeiro dia de convocação surpreendeu e animou os revendedores. "Nossas linhas telefônicas ficaram congestionadas", diz Nicolau Kohn, da Davox, revenda Volks.
Ontem, a Davox substituiu as peças de 30 automóveis. O médico Alessandro Oshiro, 29, foi um dos primeiros. Levou o seu Logus 95 para a revisão dos 20 mil km às 7h30. "Fiquei um pouco preocupado. Aproveitei a revisão para fazer a troca das mangueiras."
A Caltabiano, da rede Ford, atendeu dez consumidores. A Primo Rossi marcou 46 trocas para a semana que vem.
Paulo Simões, presidente da Assobrav, a associação dos revendedores Volks, diz que a rede não precisa de esquema especial para efetuar a troca das peças.
Se for necessário, afirma Simões, as concessionárias estão preparadas para trabalhar "em horários especiais e nos finais de semana".
Despesa de R$ 22,8 milhões
Segundo Simões, as fábricas vão pagar aos revendedores R$ 20 por troca. Se o serviço for feito em todos os 600 mil carros, as concessionárias recebem R$ 12 milhões.
Esse valor inclui apenas a mão-de-obra. Os fabricantes terão ainda um gasto de R$ 18 por peça (preço de custo), o que dá mais R$ 10,8 milhões. A despesa total pode chegar a R$ 22,8 milhões.

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