São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996 |
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Tíquete pode encarecer a alimentação
DA REPORTAGEM LOCAL O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes Diferenciados, Percival Maricato, acredita que o tíquete-alimentação encarece os custos da alimentação no Brasil.Segundo ele, o sistema de tíquete-alimentação criou outro "sócio" -além do governo- para bares e restaurantes. "Temos que dividir nosso faturamento com o governo, pagando muitos impostos, e com as empresas de tíquete, pagando altas taxas de administração", disse. Durante o debate "O Futuro do Tíquete-Alimentação", promovido pela Folha na segunda-feira, Maricato defendeu a substituição dos tíquetes por depósitos em dinheiro na conta dos trabalhadores. As reclamações de Maricato se fundamentam em três pontos: a taxa de administração das empresas de tíquete (cerca de 6%, segundo ele), o tempo de recebimento (22 dias para que o dinheiro seja repassado) e a existência de atravessadores, que compram os tíquetes pagando até 30% menos. "Somos obrigados a recorrer aos 'tiqueiros' (atravessadores) para sobreviver. Não dá para empatar dinheiro durante 22 dias. Com isso, temos prejuízo", disse. Ibope O presidente da associação de empresas de alimentação convênio, Artur Renato Brito de Almeida, questionou os dados de Percival Maricato. Almeida afirmou que a taxa média de administração das empresas de tíquete é 4% e que o prazo de pagamento é de 15 dias. "Existem distorções, mas é possível resolver os problemas sem acabar com o tíquete", disse. Segundo ele, pesquisa do Ibope comprova que o programa de distribuição de tíquetes deu certo. Na pesquisa, 72% dos entrevistados disseram preferir o vale-alimentação ao pagamento em dinheiro. "Além disso, 70% do movimento de bares e restaurantes depende do tíquete", garantiu. Vaia O debate, que teve ainda a participação do deputado federal José Carlos Aleluia (PFL-BA) e do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, esquentou no final. A platéia, em sua maioria favorável à manutenção do tíquete, chegou a ensaiar uma vaia ao deputado José Carlos Aleluia, que também defendeu a extinção do vale-alimentação. Durante a fase de perguntas abertas ao público, houve um bate-boca entre dois espectadores. Sem se intimidar com a platéia, José Carlos Aleluia disse que a idéia inicial -estimular a alimentação do trabalhador- foi desvirtuada e que o tíquete se transformou em uma "quase-moeda". "Com tíquete se compra de tudo, até liquidificador", afirmou. Aleluia disse ser a favor da manutenção de um programa de alimentação do trabalhador, mas que é contra a existência de intermediários, que não geram riquezas para o país. "Quando a CUT refletir melhor, também vai apoiar a extinção do tíquete", provocou Aleluia, que estava próximo a Vicentinho. Vicentinho disse que a proposta de extinção do tíquete é mais uma forma de cortar benefícios dos trabalhadores. "Hoje é o tíquete, amanhã é o 13º e assim vai." O presidente da CUT também reclamou da forma "antidemocrática" como o governo vem encaminhando a discussão sobre tíquete. Segundo ele, é preciso democratizar a administração do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Texto Anterior: BC tem de comprar dólar e vender LTNs Próximo Texto: Câmara veta pagamento de auxílio em dinheiro Índice |
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