São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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COI exige conhecer uma favela do Rio

MÁRIO MAGALHÃES e SERGIO TORRES

MÁRIO MAGALHÃES; SERGIO TORRES; DANIELA SCHUBNEL
DA SUCURSAL DO RIO

Pedido foi feito após presidente da Rio 2004, Ronaldo Cezar Coelho, citar projeto à comissão de inspetores

A delegação do COI (Comitê Olímpico Internacional) que analisa no Rio a candidatura da cidade para os Jogos de 2004 pediu ontem para conhecer uma favela carioca.
O Comitê Rio 2004 escolheu a favela Parque Royal, na Ilha do Governador. O bairro é vizinho da ilha do Fundão, onde seriam construídos a vila e o estádio olímpicos. A visita será hoje ou amanhã.
O pedido tem caráter de exigência. Foi feito ontem de manhã depois de o presidente do Comitê Rio 2004, Ronaldo Cezar Coelho, citar o projeto Favela-Bairro.
Criado pela Prefeitura do Rio, o projeto urbaniza favelas. No dia 27 de outubro, foram inauguradas no Parque Royal creche, prédio com 18 apartamentos, oito lojas, campo de futebol e praça esportiva.
Carências sociais e a economia do país foram os principais assuntos do seminário entre o COI e o Comitê Rio 2004. Por mais de duas horas, o economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, e Cezar Coelho foram interrogados pelos enviados do COI.
Foi pedido a Langoni escrever texto sobre sua previsão de que "é pouco provável a volta da inflação". Ele relatou ter dito -a reunião foi fechada- que a economia deve crescer 4% ao ano até 2004.
Langoni foi questionado sobre dívidas externa e interna, maioria do governo federal no Congresso e apoio que o prefeito eleito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), terá na Câmara de Vereadores. "São detalhistas. No fundo, querem saber se esse país é confiável", disse.
Thomas Bach, presidente da comissão do COI, perguntou se estava certo item do dossiê da candidatura afirmando que, quando foi feito (primeiro semestre de 96), a prefeitura tinha US$ 900 milhões em caixa. Ao ouvir resposta positiva, Bach teria dito: "Preciso conhecer o responsável pelas finanças, para aprender com ele."
O economista afirmou à comissão: "A reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso ajudaria muito o cenário de estabilidade, mas não é fundamental".
Hoje a comissão do COI tem uma "reunião de trabalho" e um jantar com FHC, no Rio.

Colaborou Daniela Schubnel, free-lance para a Folha

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