São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Internet leva 3 mil por dia à 23ª Bienal

MARGOT PAVAN
DO UNIVERSO ONLINE

Cerca de 3.000 pessoas visitam por dia o site oficial da 23ª Bienal Internacional de São Paulo. Ali estão reproduzidas 614 obras de 134 artistas. No total, são 75 países participantes.
Inaugurado no dia 5 de outubro, com as exposições "Universalis" e "Representações Nacionais", o site recebeu mais de 72 mil visitas apenas nos primeiros 25 dias.
Esta é a primeira vez que a Bienal pode ser visitada pela Internet. Ao acessar o endereço http://www. uol.com.br/23bienal/, 1.733 páginas com 30.636 links são abertas para a navegação.
A homepage oficial da 23ª Bienal, produzido pelo Universo Online, é o maior site de arte em língua portuguesa do mundo. Conta também com versão completa em inglês.
Cartões postais dos artistas estão disponíveis para serem enviados a qualquer endereço eletrônico.
Um passeio virtual pelo site remete a um passeio real pelo prédio da Bienal. Mas suas características específicas surgem aos poucos.
A primeira diferença é que, em vez de uma única entrada principal, como a do pavilhão da Bienal, são muitas as portas disponíveis na homepage.
Roteiros
Um bom caminho para compreender os propósitos que orientaram a curadoria desta Bienal é clicar uma das três exposições: "Universalis", "Representações Nacionais" ou "Salas Especiais".
As páginas de cada uma delas trazem textos dos curadores, Nelson Aguilar e Agnaldo Farias, e do presidente da Bienal, Edemar Cid Ferreira, sobre a desmaterialização das artes. Esses textos incluem também breves apresentações dos artistas escolhidos.
Na página da mostra "Universalis", o mundo artístico está dividido em sete regiões.
Cada uma delas, quando clicada, leva para uma nova página, específica da região, com links para os artistas escolhidos.
Uma dessas regiões é dedicada à produção brasileira e traz, entre outros, Georgia Kyriakakis, Arthur Barrio e Flávia Ribeiro.
Nomes como Elizabeth Peyton, Luciano Fabro, Shirazeh Houshiary e Wim Wenders compõem o mapeamento da "Universalis" nas outras regiões.
Na abertura da mostra "Representações Nacionais", os links para as páginas dos artistas estão organizados em ordem alfabética segundo seus países de origem.
Alguns dos destaques são Gary Hume (Grã-Bretanha), Sol LeWitt (EUA) e Jesús Soto (Venezuela).
A página de apresentação das "Salas Especiais" traz links para as mostras dos 18 artistas escolhidos, entre eles Goya, Munch, Picasso, Klee, Louise Bourgeois, Andy Warhol, Cy Twombly e Jean Michel Basquiat, entre outros.
Quem preferir ir direto à página de um artista deve utilizar a busca incluída no site da Bienal.
Essa ferramenta permite pesquisar por nome de artista ou país e oferece listas com todos os artistas de cada exposição.
Outra possibilidade é clicar as flechas que aparecem ao lado da palavra "tour". As páginas se sucedem numa sequência programada, como se fosse um catálogo.
Mapa
Mas, dentre todas essas portas, a que certamente mais remete a uma visita no pavilhão da Bienal é a entrada pelo mapa. O mapa é completamente navegável. Por meio dele é possível compreender como as exposições estão montadas.
Basta um clique para chegar à página do artista que ocupa o espaço em frente do que se acabou de visitar ou então um outro clique numa das barras superiores para mudar de andar.
Na tela do computador, o canto superior esquerdo é ocupado por uma pequena planta do andar que está sendo visitado. Clicando sobre ela aparece abaixo, em destaque, a área escolhida. Todos os nomes dos artistas conduzem diretamente à sua página.
A disponibilização de tantas obras num espaço virtual provoca o questionamento do que acontece quando obras de arte são digitalizadas e armazenadas na rede.
Não se trata apenas de reproduzir conceitos por meio de palavras como no caso dos textos. A questão em pauta é mais uma vez a reprodutibilidade da obra de arte. Esse tema tem sido debatido desde quando a única forma de reprodução era a gravura.
A invenção da fotografia popularizou tanto esse processo que por vezes as pessoas nem sequer se lembram que nunca viram a Monalisa a não ser por reproduções. A mudança das cores, a perda da textura, do volume ou das dimensões originais são substituídas pela possibilidade de conhecer a obra.
No caso da Internet muitas são as variantes técnicas que precisam ser consideradas. A transmissão dos dados obriga a uma equação entre qualidade da reprodução e velocidade da transmissão.
Imagens ampliáveis
Todas as páginas de artistas do site da 23ª Bienal foram construídas com imagens ampliáveis. É possível passar os olhos sobre as imagens e escolher aquela que se quer ver com mais detalhes, nos limites da tela do computador.
Além de imagens das obras, as páginas dos artistas trazem currículo, link para o mapa e texto de apresentação. As muitas portas de entrada para o site continuam disponíveis em todas as páginas. A qualquer momento, é possível mudar o roteiro de visita.
Quem quiser visitar a Bienal no Ibirapuera encontrará no site todas as informações práticas necessárias. Quem visitar pela Internet pode deixar seus comentários num livro de visitas eletrônico.
A grande maioria das mais de 400 mensagens já publicadas são de pessoas que residem fora de São Paulo e elogiam a Bienal pela exposição e pela possibilidade de visitá-la à distância.

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