São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Só a França viu a coreografia

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O balé "Arsa y Toma", que o grupo de Cristina Hoyos apresenta hoje e amanhã, é a mais nova criação da bailarina e coreógrafa, inédita inclusive na Espanha.
Dançada apenas na cidade francesa de Avignon, no mês passado, "Arsa y Toma" mostra a evolução do flamenco desde o início dos anos 60, quando a manifestação se reduzia a shows para turistas.
Os figurinos do estilista Christian Lacroix também revelam as transformações que o vestuário foi assumindo nas últimas décadas.
Foi por meio de Hoyos, Gades e parceiros como Juan Antonio Jimenez que o flamenco se modernizou, ganhando uma condição artística que hoje o inclui em palcos nobres, como o do Teatro da Ópera de Paris.
Arte centenária, o flamenco era a denominação dada aos cantos, danças e músicas praticados pelos ciganos da região de Andaluzia.
Surgiu depois de 1492 e ao longo dos séculos seguintes tornou-se um patrimônio hereditário.
Seus segredos e tradições foram preservados pelos praticantes considerados "autênticos", que, ciumentos, consideravam o flamenco uma expressão inacessível aos mortais comuns.
Mais tarde, com a proliferação de grupos itinerantes, transformou-se em produto comercial. Nomes como Gades, Hoyos e ainda os irmãos Pericet, que além do flamenco são virtuoses em outras danças espanholas, resgataram a dignidade da antiga dança andaluza, elevando seu padrão artístico.
Desde as origens, o flamenco se baseia em três elementos: canto, som da guitarra e dança. Há ainda complementos como palmas, estalar de dedos e castanholas.
Ao libertar o flamenco de adereços considerados inúteis, Gades e Hoyos reconquistaram valores essenciais. "Até mesmo o vestuário tornou-se mais sóbrio e, em 'Arsa y Toma', evidenciamos esta evolução", diz Hoyos.

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