São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Radical de araque

Em 1964, o regime militar prendeu na Paraíba os suspeitos de sempre: os comunistas. PCB de carteirinha, o jornalista Manoel Fernandes Filho foi uma exceção, o que o contrariou muito.
Disposto a inscrever uma prisão em sua biografia, Manoel Fernandes não se deu por vencido. Com os soldados ainda nas ruas, resolveu carregar nas tintas dos artigos que escrevia em um jornal local. De nada adiantou.
Ignorado pela repressão, Manoel Fernandes radicalizou. Pegou o telefone e discou para o Exército a fim de denunciar um "perigoso esquerdista". Foi para casa e esperou. Nada.
No desespero, o jornalista pegou seu carro. Foi até o quartel do 1º Grupamento de Engenharia do Exército. Era noite. Na entrada, só um sentinela. Manoel Fernandes reduziu a marcha, se aproximou devagar e gritou:
-Viva a Fidel Castro!
Entediado, o sentinela respondeu, em voz baixa:
-Viva!

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