São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Rio aposta em 'linha dura' antiviolência

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O Comitê Rio 2004 se apóia numa política de intensa repressão policial para convencer o COI (Comitê Olímpico Internacional) de que são mínimos os riscos para a segurança de turistas, desportistas e dirigentes que viajarem para uma eventual Olimpíada.
O espanhol Manuel de Forn, um dos autores do projeto carioca, considera a imagem de violência urbana do Rio um obstáculo.
Um trunfo da cidade para a visita da comissão de avaliação do COI são as estatísticas que apontam queda na violência.
"Os índices já estão caindo; em oito anos, estarão menores", disse o coordenador do planejamento de segurança da candidatura, o coronel da reserva do Exército Ronaldo Braga de Oliveira.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio divulgou dados até outubro, usados como base para projeções até o fim do ano.
No dossiê do Rio 2004 apresentado ao COI, os homicídios são apontados como o principal problema de segurança. Foram 8.408 em 1994. Devem ser 6.562 em 1996 -redução de 21,96%. A queda ocorre em outros itens.
Um dos principais motivos do declínio da criminalidade -segundo o levantamento oficial- foi a política introduzida a partir de 1995 pelo secretário de Segurança, Nilton Cerqueira.
General da reserva do Exército, Cerqueira implantou uma política de "linha dura" na polícia.
Enquanto os crimes caíram, em dois anos subiu a apreensão de cocaína (147%) e de armas (46%).
As estatísticas oficiais não registram vítimas de balas perdidas. Até o dia 20, os casos citados na imprensa eram cerca de 80 em 1996.
O coronel Ronaldo Braga disse acreditar que a redução global da criminalidade incluirá o número de vítimas de bala perdida.
Esquema especial
A segurança numa possível Olimpíada teria um esquema especial. O comitê prevê 48 mil homens -33 mil dos quais das forças públicas (polícias Militar, Civil e Federal, e das Forças Armadas).
Nos Jogos de Atlanta-96, trabalharam 14,5 mil integrantes regulares das forças de segurança.
Embora apóie a candidatura, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, propõe uma política oposta à da "linha dura".
"Combatendo a miséria, combatemos a violência, mas a relação não é automática", disse. "Temos que aproveitar a agenda social para fazer uma limpeza na polícia."
O presidente da comissão do COI, Thomas Bach, perguntou ao comitê: "Programas sociais diminuirão a violência?" A resposta foi positiva.

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