São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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ROBERTO CAMPOS

Auto crítica
Ele relembra o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), colocado em prática durante o governo Castello Branco (1964-67). O plano foi concebido por Campos e Octavio Bulhões:
"Havia naquela época uma confiança ainda um pouco lírica na capacidade direcional do governo (...). A idéia ainda era de que o governo, de alguma maneira, era um grande 'descobridor de oportunidades'. Eu falava muito na 'capacidade telescópica' do governo, o qual, através dos impostos, podia criar uma bacia de acumulação de recursos (...). Era uma visão um pouco ingênua. Hoje eu diria o contrário. O governo é que não tem capacidade de planejar a longo prazo".
Crítica
"(Bresser Pereira) fez uma análise muito preconceituosa do que havia acontecido entre 1964 e 1967. Primeiro, era extremamente cético sobre a perseguição da estabilidade como um objetivo dominante. Advogava a teoria do combate 'condicional' à inflação, quer dizer, 'deve-se combater a inflação, desde que não prejudique o crescimento, que não se crie desemprego, que não piore a distribuição de renda'. Eu defendia a tese de que a estabilidade é um fim em si mesmo (...). Porque, sem um razoável grau de estabilidade monetária, nenhum dos outros objetivos, por mais nobres que fossem, poderiam ser atingidos".
"Fala-se na ortodoxia de Simonsen ou do Delfim, mas nenhum deles perfilhou qualquer ortodoxia monetarista. (...) Ambos admitiam controles de preços e de câmbio, violando, portanto, dois dos princípios fundamentais da ortodoxia monetária. Em 1981/83, houve dois estágios. No primeiro estágio, Delfim cometeu o maior pecado possível contra a ortodoxia, que foi o de congelar a correção monetária e a taxa de câmbio, disso resultando uma enorme crise de balanço de pagamentos."

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