São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Dieta com sotaque

No ranking das dietas mais saudáveis, a mediterrânea, com muito azeite de oliva e vinho, fica em primeiro lugar
Os mediterrâneos comem melhor que os norte-americanos? E os asiáticos, têm uma dieta mais saudável do que a nossa?
Segundo os especialistas consultados pela Revista da Folha, a alimentação dos países da região do mar mediterrâneo (Grécia, Itália, Espanha e sul da França) é a que se aproxima mais da ideal.
As principais características dessa dieta são o alto consumo de azeite de oliva e de vinho, além de pouca quantidade de carne vermelha.
O azeite de oliva, por ser fonte de gordura vegetal monoinsaturada, é chamado de "alimento da longevidade".
"Ao contrário da gordura animal saturada (que vem da carne vermelha, leite e derivados), a monoinsaturada reduz o chamado 'colesterol ruim' do sangue, responsável por doenças cardíacas", explica a nutricionista Elisabeth Cardoso, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor).
Já os norte-americanos consomem cerca de 50% a mais de carne vermelha, ovos, leites e laticínios do que os mediterrâneos. O país campeão do "fast food", do hambúrguer e do refrigerante é o que tem a dieta menos saudável.
"Não é à toa que a probabilidade de morte por doenças cardíacas entre os norte-americanos é o dobro em relação aos mediterrâneos", diz a nutricionista Patrícia Bertolucci.
Nesse ranking da melhor dieta, os asiáticos, principalmente os japoneses, ocupam o segundo lugar. Sua alimentação é rica em vegetais (soja e feijão), cereais (arroz) e frutos do mar.
"A dieta dos japoneses só não é a mais saudável por causa da grande quantidade de sal, proveniente dos molhos e conservas. Isso pode gerar, por exemplo, câncer gástrico", afirma Elisabeth.
Arroz com feijão
Se a alimentação dos brasileiros não é a mais adequada, pelo menos tem uma vantagem. O arroz e feijão é fonte de proteína. "Na sua composição, as proteínas dos vegetais são deficientes. Mas, ao misturar o arroz com o feijão, ocorre um equilíbrio protéico", diz Elisabeth.
Para chegar à uma dieta saudável, a professora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, desenvolveu a pirâmide alimentar ideal (ao lado), adaptada à realidade brasileira.
Paradoxo francês
Outra vantagem da dieta mediterrânea está no vinho. Por exemplo, no sul da França, onde se toma diariamente vinho, apesar de a população comer muito queijo (fonte de gordura saturada), há um baixo índice de doenças cardíacas.
Baseado nesse "paradoxo francês", o cardiologista Protásio Lemos da Luz, diretor da Divisão Clínica do Incor, conclui uma pesquisa com coelhos, na qual constatou os benefícios do vinho.
Segundo ele, os animais que tomaram a bebida apresentaram uma redução na formação de placas de gordura nas artérias.

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