São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 1996
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Melhorar o trânsito

ROMEU NATAL PANZAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

A proximidade das festas de final de ano traz uma nova ameaça para a cidade de São Paulo: o colapso total do sistema viário.
Se, nos últimos seis meses, os paulistanos têm convivido com imensos congestionamentos, dá para imaginar o que está por vir nas próximas semanas, com o aquecimento da economia provocado pelas compras de Natal. O aumento do fluxo de consumidores implicará, seguramente, aumento do número de caminhões encarregados de suprir o comércio de mercadorias.
Ciente de que a melhoria do trânsito na capital só acontecerá se cada um dos setores nele envolvidos der a sua quota de sacrifício, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp) só vê uma medida de curto prazo para evitar o caos: a mudança nos horários de carga e descarga no comércio, desviando boa parte da atividade dos caminhões para o início da noite ou da manhã, antes e depois do pico de movimentação de automóveis e ônibus pelas ruas das regiões centrais. Tal proposta vem sendo feita pelas transportadoras desde o início do ano.
Em março passado, durante o Fórum Paulista do Transporte, promovido pelo Setcesp, o prefeito Paulo Maluf encampou a idéia. Já em junho, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) começou a implantar as alterações sugeridas, estabelecendo que a carga e descarga deveria ser feita antes das 9h ou depois das 19h. Iniciou-se a mudança pela rua 25 de Março. Depois se estendeu a medida à rua Florêncio de Abreu e ao bairro do Bom Retiro.
Passados quatro meses, a CET propõe que as mesmas normas sejam seguidas pelos supermercados, principalmente pelos estabelecimentos de grande porte e por aqueles localizados em zonas de grande circulação de veículos.
Totalmente de acordo com as determinações da prefeitura, as transportadoras têm tomado as providências necessárias para cumpri-las. Estamos remanejando a escala de trabalho de nossos motoristas. Compramos veículos pequenos, de acordo com as dimensões estipuladas pela CET, para fazer entregas durante o dia, quando assim exigirem nossos clientes.
Mas nenhum esforço dos proprietários de caminhões terá resultado se os outros setores envolvidos não se adaptarem aos novos tempos. Como prestadores de serviço, os caminhões são obrigados a carregar e descarregar no horário determinado pelo cliente, seja ele o comércio ou a indústria.
Os feios, sujos e malvados caminhões estão cumprindo a sua parte. Até porque, para os transportadores, congestionamento está longe de significar sinal de progresso. Representa, isso sim, prejuízo. Só aguardamos que os outros setores dêem a sua quota de sacrifício, abrindo seus estabelecimentos mais cedo ou fechando mais tarde, para permitir o trabalho de carga e descarga.

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