São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996 |
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Portuários fazem greve de 24 horas hoje
FAUSTO SIQUEIRA
A paralisação foi marcada para o mesmo dia em que está prevista a votação na Câmara de projeto de lei que regulamenta a navegação de cabotagem -aquela que é feita nos limites da costa brasileira. O relator do projeto é o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), que promoveu alterações no texto original enviado pelo governo no ano passado. Os trabalhadores rejeitam particularmente o artigo 12 do projeto, introduzido por Aleluia, que permite às operadoras portuárias usar pessoal próprio na movimentação de carga dos navios de cabotagem, o que reduziria custos para as empresas. Atualmente, essa tarefa é prerrogativa exclusiva de portuários e avulsos -trabalhadores que não têm vínculo empregatício com as companhias docas. Para realizar operações de carga e descarga, as operadoras portuárias têm de contratar nos portos os serviços dos trabalhadores junto aos órgãos gestores de mão-de-obra, formados por representantes de trabalhadores e empresários. O presidente da Federação Nacional dos Portuários, José Peres César, disse ontem que 65 mil trabalhadores em cerca de 40 portos marítimos e fluviais deverão paralisar hoje suas atividades. Segundo ele, a greve poderá se prolongar até amanhã, caso a votação do projeto não entre em pauta hoje na Câmara. "A greve não é contra o governo, nem contra as administrações dos portos, nem contra o empresariado. É contra o projeto do Aleluia", disse César. O PT e demais partidos de esquerda deverão pedir votação em sistema de destaque para uma emenda supressiva, a fim de retirar do projeto o artigo 12. O deputado José Carlos Aleluia afirmou ontem já ter apoio para o projeto das lideranças dos partidos da base de sustentação do governo (PSDB, PMDB, PTB, PFL e PPB). Ele rejeita a afirmação de que a aprovação do artigo 12 vá gerar desemprego. "Só se for para rodoviários", declarou, já que o projeto estimularia o transporte de cargas por via marítima. "Eu não posso me dedicar a proteger minorias. Os portuários não podem parar o país na hora em que quiserem", declarou. Para José Peres César, a tendência no Brasil é restarem poucos portos concentradores de cargas e, nos demais, prevalecer a transferência de mercadorias por meio da navegação de cabotagem. Ele avalia que, por esse motivo, a aprovação do projeto representará desemprego para os portuários, já que os operadores poderão escolher a seu critério a mão-de-obra usada na movimentação de cargas. "O que eu estou propondo é aumentar a participação da cabotagem. Isso vai fazer aumentar a quantidade de navios e vai gerar empregos", afirmou Aleluia. Texto Anterior: Argentino cria logotipo do Mercosul Próximo Texto: Sadia terá centro de distribuição argentino; CCE e Aiwa anunciam acordo tecnológico Índice |
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