São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senado cria CPI para analisar precatórios

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado criou ontem CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar irregularidades na aprovação de emissões de títulos públicos estaduais e municipais em 1995 e 1996 para pagamento de sentenças judiciais, ou precatórios.
A CPI foi requerida pelo líder do PMDB, senador Jader Barbalho (PMDB-PA), e teve o apoio de 35 colegas, incluindo lideranças governistas.
O presidente interino, Marco Maciel, telefonou ontem para o presidente Fernando Henrique Cardoso, que está na África do Sul, para informá-lo sobre a criação da CPI.
A Folha apurou que o Palácio do Planalto vai tentar evitar que a CPI siga em frente, por avaliar que isso prejudicaria a votação da emenda constitucional da reeleição.
Maciel e o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) começaram ontem a negociar com lideranças formas de evitar a instalação da CPI.
Fraudes
A Constituição Federal de 1988 (artigo 33 das Disposições Transitórias) determinou que Estados e municípios podem emitir títulos para pagar dívidas reconhecidas pela Justiça.
O dispositivo constitucional restringe esse tipo de operação às dívidas contraídas até 88.
Em 95 e 96, o Senado aprovou 11 operações de emissões de títulos somando R$ 2,2 bilhões com base em documentos de Estados e municípios solicitando recursos para precatórios.
Todas as operações autorizadas nesse período (municípios de São Paulo, Guarulhos, Osasco, Campinas, São Bernardo, Jundiaí e Goiânia e Estados de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) teriam de ser investigadas pela CPI.
Para a CPI ser instalada, é preciso que as lideranças partidárias indiquem pelo menos oito representantes, de um total de 13 membros da CPI.
Mudança
Até a semana passada, Barbalho, que pretende disputar a presidência do Senado pelo PMDB, era contrário à criação de uma CPI dos precatórios.
Ele afirmava que o assunto teria que ser apurado pelo Banco Central, pelas Assembléias Legislativas e tribunais de Contas.
O PMDB e o PFL tinham fechado um acordo para que supostas operações fraudulentas realizadas com emissão de títulos para pagamentos de precatórios não fossem investigadas pelo Senado.
Barbalho justificou a mudança afirmando que foi alvo de acusações com relação às irregularidades.

Texto Anterior: Até morto votou no 2º turno, afirma PT
Próximo Texto: Senado pode vetar emissão de SC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.