São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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Saúde vai pagar tratamento de presos

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde vai financiar campanhas de prevenção à Aids em presídios de 11 Estados brasileiros, além de arcar com os custos do diagnóstico e tratamento de detentos infectados pelo HIV -vírus que causa a doença.
Já foram liberados R$ 700 mil para projetos em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Alagoas, Distrito Federal, Roraima e Mato Grosso do Sul.
Esses 11 Estados abrigam 75% da população carcerária do país, estimada em 100 mil detentos.
Até agora, o Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, já aprovou a execução dos projetos em nove Estados.
O Plano Estratégico de Prevenção à Aids em Presídios será lançado amanhã, durante comemoração do Dia Mundial de Combate à Aids, no Senado.
Além do Ministério da Saúde, participarão do plano o Ministério da Justiça e as secretarias estaduais da Saúde e Justiça.
"A incidência de Aids entre a população carcerária é muito maior do que a média nacional, e não havia uma ação integrada entre os governos federal e estadual para combater o problema", afirmou Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
"Os presos portadores do HIV não tinham a assistência médica necessária nem havia prevenção adequada. Por isso, resolvemos agir", disse ele.
Os R$ 700 mil já liberados serão usados para a compra de preservativos e a confecção de material educativo alertando sobre as formas de contágio do HIV (folhetos ou vídeos).
Segundo Chequer, o montante de recursos liberados poderá variar de um Estado para outro.
"Depende do total da população carcerária de cada Estado e do que foi proposto pelas secretarias estaduais da Saúde e Justiça", disse.
Medicamentos
A verba já liberada não inclui os gastos com medicamentos contra DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e Aids.
Os remédios contra DSTs serão distribuídos aos presídios diretamente pelo Ministério da Saúde. O objetivo é reduzir a incidência de doenças como sífilis e gonorréia, que tornam os pacientes mais suscetíveis ao HIV.
"Estamos enviando remédios de última geração para curar sífilis, gonorréia e cancro mole (doença venérea), porque é muito grande o número de detentos infectados por essas doenças. E elas aumentam as chances de eles contraírem Aids", afirmou Chequer.
Já os medicamentos usados para combater a Aids serão repassados pelo governo federal às secretarias estaduais da Saúde, para que elas repassem os remédios aos presídios. Na área de prevenção, também será dada orientação às parceiras dos detentos. O objetivo é reduzir os riscos de contágio durante as "visitas íntimas".

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