São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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DESEMPREGO MUNDIAL

O anúncio pela Organização Internacional do Trabalho de que existem hoje no mundo aproximadamente 1 bilhão de desempregados e subempregados aponta uma situação que poderá mostrar-se como um dos principais desafios da humanidade para os próximos anos. Para chegar a esse número, que corresponde a pouco menos de um terço da força de trabalho do globo, a OIT computou não só os desempregados propriamente ditos, como também os chamados "excluídos", que não entram nas estatísticas de desemprego.
Em seu relatório, a OIT critica o que considera falta de compromisso dos governos com o combate ao desemprego. Pode-se argumentar que, em resposta à alta da inflação no mundo desenvolvido a partir de meados da década de 70, a contenção dos preços ganhou destaque em relação à manutenção do emprego. Mas o fato é que o progresso tecnológico tem reduzido a demanda de trabalho humano, e contra esse fenômeno não está à vista uma solução imediata.
Ainda que essa insuficiência na demanda de trabalho seja mais adequada para economias maduras do que para países como o Brasil, onde ainda há um grande potencial de crescimento em áreas mais intensivas em mão-de-obra, como infra-estrutura, habitação ou saneamento básico, parece claro que os efeitos da automação, das reformas gerenciais e da informatização estão por toda parte.
Em diversos países europeus discute-se atualmente a redução da jornada de trabalho. E surgiram mesmo propostas de criação da semana de quatro dias. A solução tem sua lógica: se se pode produzir mais com cada vez menos trabalho, que cada um trabalhe menos para que mais pessoas tenham ocupação. O problema surge quando se trata de passar da tese à prática: quem pagará o custo de jornadas de trabalho mais curtas?
Tão clara quanto as dimensões do desemprego está a dificuldade em dar-lhe solução. Neste fim de século, o desenvolvimento econômico parece ser vítima de seu próprio sucesso.

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