São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Mais lágrimas

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- Choramos...
Fernando Henrique não apareceu chorando, como fez Paulo Maluf, em extremo obsceno de marketing, na última propaganda de Celso Pitta, semanas atrás.
Mas ele descreveu publicamente, diante das câmeras, toda a sua emoção.
Foi "um dos momentos mais emocionantes" desde que assumiu o cargo. Ali, recebido em casa por um grande líder de Soweto, o que jamais havia sido feito.
- Eu aceitei como uma homenagem à irmandade do Brasil com a África do Sul, com o povo africano.
Não que o presidente da República não possa reagir como qualquer outra pessoa, ou que um político seja necessariamente hipócrita. Certamente, FHC estava sinceramente emocionado.
Mas também Paulo Maluf, então, estava sinceramente emocionado, ao lado de seu candidato, em campanha -aliás, candidato também negro, como negro foi o grande líder que levou FHC às sinceras lágrimas.
*
Ainda de Fernando Henrique, na África, sobre a reeleição e Paulo Maluf:
- Nós temos que ter um pensamento mais generoso e não ficar preocupados sempre com a mesma coisa. Eu, pelo menos, não estou preocupado com esta questão.
Claro que não. Estava ali, sincero, a chorar.
*
O prefeito paulistano surgiu inesperadamente no SBT, em entrevista ao vivo, buscando sufocar a inesperada derrota no próprio PPB.
Nada falou de novo, além de ataques eleiçoeiros aos banqueiros, visando FHC:
- Dá-se dinheiro à vontade para banqueiros ladrões, que assaltaram o Tesouro Nacional...
O melhor, em meio aos bordões da campanha malufista, ficou por conta de uma pergunta do âncora Boris Casoy, rindo com ironia:
- Por que que o senhor nega que é candidato a presidente da República? O senhor é. Parece o Lula.
Maluf também riu, sem controle, e enrolou.

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