São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Rolagem da dívida não define a situação do banco

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro do Banespa ainda está nebuloso, mas a rolagem da dívida do Estado de São Paulo vai dar uma boa ajuda à instituição.
A dívida de R$ 20,6 bilhões (valor de 31 de outubro) do governo do Estado com o banco vai desaparecer. A União assume a dívida e paga o banco com títulos federais.
O tipo de papel ainda não está definido. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, disse que as condições de emissão desses títulos serão de acordo com as necessidades dos credores federais do Banespa.
"O banco ficará superlíquido", afirmou o secretário da Fazenda de São Paulo, Yoshiaki Nakano.
Isso quer dizer que o banco receberá uma injeção de recursos que torna a instituição saudável financeiramente. Ao mesmo tempo, forçará o banco a buscar novos clientes para que o dinheiro renda juros e se reverta em lucro.
Segundo o presidente do Conselho de Administração do Banespa, Antonio Carlos Feitosa, o banco só se viabiliza enquanto instituição passando por um ajuste profundo, que vai desde corte de pessoal até fechamento de agências.
Privatização
A União continua querendo privatizar o banco, apesar de as explicações oficiais serem evasivas.
Questionado sobre o assunto, o ministro Pedro Malan (Fazenda) afirmou: "Eu gosto de cruzar uma ponte quando a gente chega a ela, nós não chegamos a ela."
Já o secretário-executivo do ministério disse que a solução encontrada para o Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) -que aguarda a privatização- pode ser aplicada também para o Banespa.
Parente afirmou que a liquidação do Banespa, uma das possibilidades, não deve ocorrer.
Contas
Outro problema é definir o destino que terão as contas do governo paulista no Banespa.
Pelo protocolo assinado ontem, elas permanecem na instituição em 97. O que vai ocorrer depois será negociado com o governo federal durante o próximo ano.
Sem essa definição, é impossível definir o valor do banco.
Para indicar caminhos, será contratada, por meio de licitação, uma empresa que administrará o Banespa nos 12 meses seguintes à assinatura definitiva do acordo.
A empresa irá, ainda, avaliar o valor das ações que o Estado vendeu ao governo federal.
Controle
O Estado está abrindo mão do controle acionário porque não tem recursos para manter o banco.
Segundo medida provisória em vigor, o Estado que deve a seu banco só pode mantê-lo sob seu controle se pagar metade da dívida.
No caso do Banespa, São Paulo teria de pagar R$ 10,3 bilhões.

Colaborou Vivaldo de Souza, da Sucursal de Brasília

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