São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Varejo reduz prazo de cheque pré-datado

FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

Setor aponta falta de capital de giro e aumento da inadimplência como motivos para a restrição

Os supermercados começam a encurtar os prazos para pagamento com cheques pré-datados.
Essa forma de financiamento, que se transformou num chamariz de venda, já perde força.
O supermercado Niterói, por exemplo, acaba de reduzir de 30 dias para 20 dias o prazo máximo para pagamento com pré-datados.
"Falta capital de giro para bancá-los", diz Wilson Tanaka, proprietário do Niterói (que tem duas lojas) e também presidente do Sincovaga, que reúne os varejistas paulistas de gêneros alimentícios.
Ele conta que o prazo médio para pagamento dos fornecedores varia de 17 a 20 dias. "Se dou mais prazo do que isso para o cliente, me falta dinheiro."
A venda com cheques pré-datados já representa 15% do faturamento do Niterói. A inadimplência, conta Tanaka, que participava com 1% (até 1995) da venda financiada, já corresponde a 2%.
Assim como o Niterói, também as grandes redes estão revendo a estratégia de trabalhar com cheques pré-datados.
Abílio Diniz, presidente do grupo Pão de Açúcar, que segura o cheque do cliente até 90 dias (com a cobrança de juros), diz que vai reduzir gradualmente esse prazo a partir do ano que vem.
A rede de supermercados Sé decidiu fazer o mesmo. A partir de janeiro, o prazo de 30 dias oferecido aos clientes nas compras feitas às segundas e terças-feiras será reduzido.
Peter Hardtmeier, diretor-presidente do Sé, diz que a inadimplência -que representa 0,4% do valor recebido em cheques pré-datados- é indesejável. "Por essa razão, vamos mexer nos prazos."
A rede também pretende alterar a promoção na qual o cliente que compra do dia 20 a 31 de cada mês pode dar cheque para o dia 7 do mês seguinte.
Só são aceitos os pré-datados dos clientes cadastrados, que têm o cartão Sé e gastam no mínimo R$ 75 e no máximo R$ 500.
Omar Assaf, vice-presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados), diz que o cheque pré-datado não deve passar de 15 dias a partir do início de 1997.
Isso já está ocorrendo nos supermercados da Baixada Santista onde está a sua rede -a Central. "A conscientização de que alimento não deve ser vendido a prazo já é grande no litoral."
O encurtamento nos prazos para pagamento com cheques pré-datados deve resultar em queda de vendas. Para Tanaka, a redução no faturamento dos supermercados deve ser da ordem de 12% a 15%.
"A previsão dos supermercadistas para janeiro era vender 10% menos do que em novembro. Essa queda foi revista para 15% por conta da diminuição nos prazos dos cheques pré-datados."

Texto Anterior: TBC de 1,74% confirma queda dos juros
Próximo Texto: Varejo reduz prazo de cheque pré-datado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.