São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Representante da agricultura vence eleição

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Prejudicadas pela MP (medida provisória) das microempresas, as confederações empresariais da indústria, agricultura, comércio e transportes derrotaram por 12 votos a 1 a candidatura de Guilherme Afif Domingos à reeleição no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Pio Guerra Júnior, diretor financeiro da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), foi eleito para a presidência do Conselho Deliberativo da entidade, cargo que era ocupado por Afif.
Afif foi um dos articuladores da MP (medida provisória) que, entre outros pontos, isentou as pequenas e microempresas do pagamento de contribuições ao chamado sistema "S" (Sesi, Senai, Senac e Sebrae, entre outros).
Com isso, as confederações -que administram o sistema "S"- terão uma perda de receita de entre 7% e 15%, afirma Afif. Para ele, o fato teve papel preponderante na eleição.
Guerra considerou "equivocada" a interpretação de Afif. "Não posso falar sobre as outras confederações, mas na minha o impacto foi muito reduzido."
Os demais integrantes da diretoria foram reeleitos. Mauro Durante, afilhado político do ex-presidente Itamar Franco, continuará no cargo de diretor-presidente, administrando um orçamento de cerca de R$ 1,1 bilhão.
Lobby
A Folha apurou que os líderes das confederações desaprovaram a forma "unipessoal" como Afif negociou a MP com o governo e, depois, procurou tirar proveito político da situação, participando de uma cerimônia com o presidente Fernando Henrique Cardoso na rampa do Palácio do Planalto.
O acordo também contrariou os membros da Frente Parlamentar de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, que querem baixar de 5% para 3% a alíquota mínima do novo imposto único federal.
Disposto a barrar a reeleição de Afif, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), procurou apoio no governo, que controla 6 dos 13 votos do Conselho Deliberativo.
Já microempresários ligados a Afif pediram ajuda aos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Eles queriam a suspensão das eleições, alegando descumprimento de uma lei de 90 que lhes dá três vagas no colégio eleitoral.
O apoio do Planalto a um representante do setor agrícola ocorre quando o governo enfrenta resistências da bancada ruralista ao aumento do ITR (Imposto Territorial Rural).

LEIA MAIS sobre a eleição do Sebrae no Painel Econômico, à pág. 2-2

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