São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996 |
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Para FHC, falta sinceridade aos opositores da reeleição
GABRIELA WOLTHERS
Apesar de não citar nomes, o recado de FHC atinge o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), e o tucano Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, que já depuseram na comissão especial da Câmara que analisa a emenda da reeleição. Maluf afirmou que o país está parado por causa da emenda da reeleição. Ciro Gomes disse que o debate sobre o tema pode ser "mortal" para o país e que o preço da reeleição é "impagável". Segundo a Folha apurou, FHC considera que a comissão da Câmara se tornou um enorme "palanque eleitoral" e que os políticos que lá depõem só estariam interessados em consolidar sua próprias candidaturas à Presidência. No seu último dia no continente africano, FHC passou a manhã na Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul, e embarcou para o Brasil às 16h (12h em Brasília). Após visitar o Parlamento, disse que os líderes políticos sul-africanos "são sinceros num ponto fundamental: é preciso reforçar a democracia e fazer com que o povo viva melhor". Segundo ele, essa foi a principal lição que tirou de sua viagem. "Havendo sinceridade, podemos nos juntar para que o povo viva melhor, em vez de brigarmos tanto por coisas menores." Entre essas "coisas menores", citou "os desejos e interesses" de cada um dos políticos. "Isso vale para qualquer questão, inclusive para a reeleição", completou. Para o presidente, seria bom que se partisse do princípio de que, "quando alguém fala alguma coisa, está dizendo aquilo que pensa e não escondendo algo". "A menos que alguém esteja escondendo algo sem querer, aí só os psicanalistas podem descobrir", completou. Desmond Tutu Antes de visitar o Parlamento sul-africano, FHC se reuniu com o reverendo Desmond Tutu, um dos líderes locais na luta contra o apartheid e hoje presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação. Essa comissão, criada em 1995, tem dois anos para investigar os casos de violência política entre o período de março de 1960 e 5 de dezembro de 1993. Seu objetivo é anistiar aqueles que derem detalhes sobre "abusos por motivos políticos" durante o apartheid e se considerarem hoje arrependidos. "Nós acreditamos que estamos contribuindo para a reconciliação do nosso país", disse Tutu. "Nós temos muito o que aprender com o Brasil", completou. Em 1979, o então presidente João Baptista Figueiredo (79-85) sancionou a Lei da Anistia, que beneficiou presos e exilados políticos, e membros das forças de repressão acusados de tortura e morte. Texto Anterior: Discurso engessado Próximo Texto: Maluf está com medo, afirma Covas Índice |
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