São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército vira campo de pesquisa da Aids

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um acordo de cooperação com o Programa Nacional de DST/Aids (Doenças Sexualmente Transmissíveis) transformou o Exército no maior fornecedor de informações e campo de testes entre jovens.
Os alvos dos testes e da coleta de dados são os 800 mil selecionados a cada ano pela Força. O acordo, assinado em maio deste ano, começou a ser colocado em prática em julho passado.
O Ministério da Saúde distribuiu entre os selecionados 24 mil questionários e colheu o mesmo número de testes anti-Aids.
"Todas as informações, do questionário, do teste anti-Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis, são anônimas. Não há a menor possibilidade de identificação da origem da informação", disse o coordenador do programa anti-Aids do Ministério da Saúde, Pedro Chequer.
Pelo fato de o Exército convocar para a seleção jovens de todas as classes sociais, esse campo de pesquisa, segundo Chequer, vai fornecer um perfil mais completo sobre a Aids na faixa etária entre 18 e 21 anos.
Os resultados preliminares da pesquisa vão ser apresentados no seminário.
A Aeronáutica e a Marinha também já distribuíram o questionário entre os seus recrutas.
Pelo acordo, o Exército está implantando também um programa de educação, atividades de assistência e integração dos institutos científicos militares às redes nacionais e internacionais de pesquisa e informação sobre Aids.
Camisinhas
Hoje, nas seleções, os recrutas já recebem camisinhas e um jornal que traz no cabeçalho, em letras garrafais: "Para você saber tudo sobre a Aids e evitar essa doença que mata".
O jornal propõe uma conversa "aberta e franca", fala do sexo vaginal, oral e anal e incentiva o uso da camisinha.
Segundo Chequer, o Exército vai intensificar as atividades educativas. A distribuição de camisinhas entre os soldados que optarem pela carreira militar fará parte da rotina nos quartéis.
"Nas regiões de fronteira, onde os hospitais que realmente funcionam são os do Exército, a Força vai virar a nossa grande aliada nos programas de notificação, diagnóstico e vigilância sanitária", disse Chequer.
O programa anti-Aids de assistência às populações indígenas também vai ter a colaboração das Forças Armadas.
Infectados
Os militares de carreira infectados recebem tratamento nas unidades médicas militares.
Os recrutas com o vírus passam por uma investigação para saber se a contaminação aconteceu dentro ou fora das Forças Armadas.
Caso a infecção tenha antecedido a entrada na Força, o recruta é simplesmente desligado -caso contrário, ganha direito a tratamento médico militar.

Texto Anterior: Grupo rouba banco, atira na PM e foge
Próximo Texto: Checagem pré-decolagem ignorou pane
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.